No dia em que o dólar bate na casa dos R$ 5,15, China e Brasil realizam primeira operação comercial em moeda local

A transação aconteceu com uma carga de 43 contêineres de celulose enviados à China pela empresa Eldorado Brasil. Operação foi viabilizada pelo Banco da China no Brasil (BOC Brasil), que recebeu carta de crédito em yuan. Valor foi convertido diretamente para o real, sem lastro no dólar
4 de outubro de 2023

China e Brasil começaram a colocar em prática o uso de moeda local em operações comerciais entre os dois países, como alternativa ao dólar. Ontem (3), os dois países anunciaram a primeira operação comercial utilizando o real e o renminbi (também chamado de yuan). A informação foi confirmada pela mídia estatal chinesa.

A operação foi realizada no mesmo dia em que o dólar encerrou a sessão a R$ 5,1543, com alta de 1,73% no mercado à vista.

A transação aconteceu com uma carga de 43 contêineres de celulose enviados à China pela empresa Eldorado Brasil no dia 25 de agosto deste ano. O produto saiu do Porto de Santos em direção ao Porto de Qingdao, na China.

Entretanto, a conversão direta de renminbi para real foi finalizada na última semana e os recursos ficaram disponíveis para a companhia no dia 29 de setembro. A operação foi viabilizada pelo Banco da China no Brasil (BOC Brasil), que recebeu uma carta de crédito em yuan, emitida pelo importador.

Após notificar a Eldorado e revisar documentos, o montante foi convertido imediatamente em reais.

Entre outros grandes exportadores brasileiros que estudam a possibilidade de negociar em moeda local com a China estão a Suzano, também de celulose, e a Petrobras. Executivos dessas empresas disseram que essa tem sido uma demanda dos próprios importadores chineses.

Em visita à China em abril, Lula defendeu uso de moeda local nas transações comerciais entre países

Quando esteve em visita à China em abril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o uso de uma moeda alternativa ao dólar americano no comércio internacional entre os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Na ocasião, o petista afirmou que os demais países poderiam usar as próprias moedas nas relações comerciais, sem utilizar o dólar, “e os bancos centrais certamente poderiam cuidar disso”. Lula avalia que a união de países emergentes é capaz de gerar mudanças econômicas e sociais relevantes para o mundo.

“Por que não podemos fazer o nosso comércio lastreado na nossa moeda? E por que não temos o compromisso de inovar?”, questionou. “Por que todos os países são obrigados a fazer seu comércio lastreado no dólar? Quem é que decidiu que era o dólar a moeda depois que desapareceu o ouro como paridade?”, insistiu Lula.

A mídia local chinesa celebrou a transação realizada ontem e também lembrou da visita do presidente Lula à China, o maior parceiro comercial do Brasil atualmente.

Além do Brasil, a China também vem intensificando os negócios com a Rússia sem o uso do dólar. Porém, ao invés das transações em moedas locais, os países preferiram usar o yuan para o comércio internacional.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

 

 

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