Por recomendação médica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve que adiar a viagem que faria à China no último fim de semana. No entanto, a ausência do mandatário brasileiro em solo chinês não impediu alguns passos importantes nas tratativas comerciais entre os dois países. O Ministério da Fazenda anunciou um acordo com a China, fechado entre os bancos centrais dos dois países, que permitirá que as exportações brasileiras para o gigante asiático não passem pelo dólar, o que será fundamental para reduzir os custos para o empresariado do país.
Segundo o colunista do UOL e do ICL Notícias Jamil Chade, o acordo foi anunciado ontem (28) por representantes do Ministério da Fazenda durante um seminário em Pequim. Outra tratativa também permitirá que os bancos brasileiros usem o sistema de pagamentos chinês, também sem passar pelo dólar, o que reduzirá os custos de transação comercial entre os dois países.
Porém, conforme explica o colunista, o acordo não é obrigatório, ou seja, o exportador que quiser continuar usando dólares poderá continuar a fazê-lo. No entanto, para aqueles que optarem por realizar a venda entre reais e Renminbi (moeda chinesa), uma espécie de caixa será estabelecida no Brasil para garantir a conversão e a liquidez entre as duas moedas. A clearing house (câmara de compensação) deve ser estabelecida em um banco chinês no Brasil, que passou a ser designado pelo BC de Pequim.
Esse sistema já é usado pela China em operações comerciais com outros países, como Chile e Argentina. Esse mecanismo, obviamente, também é bom para os chineses, que reduzem sua dependência e exposição ao dólar, principalmente diante da tensão cada vez maior entre os Estados Unidos e a China na disputa pela hegemonia em diversas regiões.
Segundo o Ministério da Fazenda, a iniciativa já tinha sido fechada entre os dois bancos centrais no final de janeiro. Mas só agora está sendo anunciada.
Outro acordo com a China permite a bancos usarem sistema de pagamentos chinês para exportações brasileiras
Outro acordo anunciado ontem por representantes do Ministério da Fazenda permitirá a bancos brasileiros poderem participar do sistema de pagamentos no mercado financeiro chinês. A China é o maior destino das exportações brasileiras, com um peso determinante para o superávit comercial do Brasil.
Embora tenham sido antecipados esses acordos, o grosso dos pactos comerciais entre os dois países será assinado quando a comitiva liderada pelo presidente Lula for ao país, o que ainda não foi anunciado. A expectativa é de que 20 acordos sejam assinados em áreas diversas.
A aproximação entre os dois países deve ser dar por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o qual, segundo o colunista do UOL, costura um acordo para ter acesso a créditos asiáticos e financiar projetos no Brasil, tanto no que se refere à infraestrutura como à transição energética.
A diretora de Mercado de Capitais do BNDES, Natália Dias, que está em Pequim, afirmou que o atual desembolso do banco é de R$ 100 bilhões, o que representa 0,7% do PIB nacional, percentual bem abaixo da média do que era destinado pela instituição para a economia brasileira. A meta é elevar esse valor 2% do PIB (mais de R$ 200 bi).
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, também esteve na China para celebrar acordos na área da agricultura. Em seu primeiro dia de visita ao gigante asiático, em 23 de março, os chineses já suspenderem o embargo à importação de carne bovina do Brasil. As autoridades sanitárias chinesas também anunciaram a habilitação de mais quatro frigoríficos brasileiros para a venda do produto ao país asiático.
Redação ICL Economia
Com informações do UOL