A ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), divulgada na quarta-feira (23), mostrou que uma maioria dos diretores do FED (Federal Reserve), o Banco Central dos Estados Unidos, prevê uma desaceleração da taxa de juros em breve, à medida que o debate se amplia sobre as implicações do forte aperto monetário feito pelo banco central dos Estados Unidos. O ritmo mais lento de aumento da taxa de juros deve permitir que o Fomc avalie o impacto da alta em relação à inflação, levando em conta também os efeitos de mais longo prazo da política monetária.
O documento é referente ao último encontro do Fomc, que aconteceu entre 1 e 2 de novembro, com a elevação da taxa de juros nos Estados Unidos para a faixa entre 3,75% e 4,00% ao ano, com um avanço de 0,75 ponto percentual pela quarta vez consecutiva. Em setembro, o FED havia divulgado que novos ajustes na taxa de juros seriam necessários para trazer os índices de inflação para a meta de 2% ao ano.
Na ata de novembro, consta a importância da continuidade da avaliação da atividade econômica nos Estados Unidos. Embora sinalizando que movimentos menores estão por vir, as autoridades disseram que ainda veem poucos sinais de redução da inflação. No entanto, alguns membros do comitê expressaram preocupação com os riscos para o sistema financeiro caso o Fed continue avançando no mesmo ritmo agressivo de alta taxa de juros.
Alguns membros do comitê indicaram que “retardar o ritmo de aumento da taxa de juros poderia reduzir o risco de instabilidade no sistema financeiro”. Outros disseram que gostariam de esperar para diminuir o ritmo da taxa de juros. Contudo, veem que o equilíbrio de riscos na economia agora está inclinado para o lado negativo.
Na ata divulgada, há declarações que vários diretores do Fed fizeram nas últimas semanas, apontando para desaceleração da taxa de juros. Os mercados esperam majoritariamente que o Fomc, depois de quatro altas de 0,75 ponto, eleve os juros em 0,5 ponto percentual em dezembro.
Na avaliação dos dirigentes do Fed, o nível dos juros nos EUA ao final do ciclo de aperto monetário se tornou mais importante do que o ritmo de aumento da taxa de juros. “Os participantes concordaram que a comunicação dessa distinção ao público era importante para reforçar o forte compromisso do Comitê de retornar a inflação ao objetivo de 2%”, consta na ata do encontro.
Os membros da autoridade monetária também afirmaram que seria oportuno desacelerar o ritmo de elevação da taxa de juros à medida que a política monetária se aproximasse de uma postura suficientemente restritiva. Segundo eles, serão considerados na tomada de decisão “o aperto cumulativo da política monetária até à data, a defasagem entre as ações de política monetária e o comportamento da atividade econômica e da inflação e a evolução econômica e financeira”.
A maioria substancial dos dirigentes julgou que uma desaceleração no ritmo de alta de juros provavelmente seria apropriada em breve. Um ritmo mais lento nessas circunstâncias permitiria ao Comitê avaliar melhor o progresso em direção às suas metas de máximo emprego e estabilidade de preços, avaliam os integrantes, de acordo com o documento.
Os dirigentes concordaram em ajustar política de taxa de juros de forma apropriada de acordo com riscos, afirma a publicação. “As defasagens e magnitudes incertas associadas aos efeitos das ações de política monetária sobre a atividade econômica e a inflação estão entre as razões apontadas para a importância dessa avaliação”, aponta a ata. Alguns participantes comentaram que a desaceleração do ritmo de crescimento poderia reduzir o risco de instabilidade no sistema financeiro, segundo o documento.
Segundo membros do FED, a inflação recente está mais persistente que o previsto. O documento pontua que a inflação permaneceu elevada, refletindo os desequilíbrios entre a oferta e a demanda, com a guerra na Ucrânia e eventos relacionados. Em meio à crise geopolítica, os dirigentes observaram que há o risco de um novo aumento de energia.
Expectativa de inflação mais baixa a médio prazo deve contribuir para desaceleração da taxa de juros
Os dirigentes também notaram que as pressões inflacionárias de curto prazo continuam altas, mas ponderaram que preços mais baixos de commodities ou a expectativa de menores pressões derivadas de restrições nas cadeias de suprimentos poderiam contribuir para uma inflação mais baixa a médio prazo.
Com a inflação permanecendo alta e mostrando poucos sinais de moderação, os dirigentes observaram que “um período de PIB abaixo da tendência do crescimento seria útil para equilibrar a oferta e a demanda, reduzindo as pressões inflacionárias.
A equipe do Federal Reserve avaliou em novembro que os riscos para sua projeção para a atividade foi desviadas para o lado negativo, e que a possibilidade de a economia entrar em recessão em algum momento durante o próximo ano é quase tão provável quanto o seu cenário base. As visões também constam na ata do FED relativa à última reunião da autoridade, na qual consta que a projeção para a atividade econômica dos EUA foi mais fraca do que a previsão de setembro.
Com a inflação persistentemente alta, o corpo técnico continuou a ver os riscos para a projeção de inflação como enviesados para cima. “Para a atividade real, o crescimento lento do gasto interno privado real, a deterioração das perspectivas globais e o aperto das condições financeiras foram vistos como riscos negativos para a projeção da atividade, além disso, a possibilidade de que uma redução persistente da inflação pudesse exigir um aperto maior do que o presumido nas condições financeiras foi vista como outro risco negativo” pela equipe, segundo a ata.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias