Nesta terça-feira (17), o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) começa sua reunião para definir o futuro da taxa de juros, atualmente no patamar entre 5,25% e 5,50%. Esse é o maior patamar em 22 anos, e esse ciclo pode ser encerrado amanhã (18), quando a autoridade monetária norte-americana deve iniciar o ciclo de corte dos juros.
Entre março de 2022 e julho de 2023, a taxa foi elevada 11 vezes como estratégia para que o Fed pudesse atingir a meta de inflação de 2% ao ano.
Apesar dos juros altos, a economia norte-americana se mantinha bastante resiliente, com o mercado de trabalho aquecido. Os últimos dados macroeconômicos, mostram que a economia do país caminha para o que se chama no jargão econômico de “pouso suave”, o que significa reduzir a inflação com o menor custo possível sobre a atividade econômica e o emprego.
Se, nesta quarta-feira, o Fed confirmar as projeções do mercado financeiro será o primeiro corte nos juros em quatro anos. A medida tem repercussões para além das fronteiras estadunidenses, uma vez que a economia norte-americana é a maior do mundo. A maior parte do mercado aposta em um corte de 0,25 ponto percentual.
Na última reunião do Fed, no fim de julho, quando as taxas foram mantidas no mesmo patamar, o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, já havia antecipado que o corte de juros podia “estar na mesa”.
“Se a inflação se reduzir de acordo com as expectativas, o crescimento continuar razoavelmente forte, o mercado de trabalho permanecer como está, o corte da taxa em setembro estaria na mesa”, disse o presidente do Fed.
Quais são os reflexos para o Brasil e para o mundo da decisão do Federal Reserve
Os ativos norte-americanos são considerados os mais seguros do mundo. Portanto, com os juros altos por lá, os investidores preferem destinar seus recursos para o país.
No caso brasileiro, a redução dos juros nos Estados Unidos pode elevar o apetite aos risco de investidores internacionais, que passariam a destinar seus recursos a países emergentes, como o Brasil, que pagam juros maiores.
A propósito, por aqui, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central também inicia sua reunião hoje e, amanhã, na contramão do que tem acontecido no restante do mundo, deve anunciar alta de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, que passaria de 10,50% para 10,75% ao ano, uma das maiores do mundo.
Os últimos dados macroeconômicos mostram uma economia brasileira aquecida, o que, juntando aos recentes incêndios ambientais, deve prejudicar a produção de alimentos, por exemplo, gerando pressões inflacionárias futuras. A meta de inflação perseguida por aqui é de 3%, podendo oscilar 1,5 ponto percentual para mais (4,5% – teto) e para menos (1,5% – piso).
Nas demais economias globais, o passo dado pelo Fed pode ser seguido por outros países e regiões pelo mundo. Na semana passada, por exemplo, o BCE (Banco Central Europeu) reduziu suas taxas em 0,25 ponto percentual. Portanto, o início dos cortes nos EUA conforta as regiões com economias mais fracas do que a norte-americana.
Em tese, a redução de juros nos Estados Unidos também traria menos pressões para economias emergentes, como a brasileira. No entanto, o Brasil, se confirmada a projeção de analistas, deve fazer o caminho inverso ao aumentar os juros.
O mercado espera também que a redução de juros nos EUA enfraqueça o dólar em relação a outras divisas, como a brasileira. Ultimamente, a moeda norte-americana tem se valorizado diante do real. Ontem (16), o dólar comercial encerrou o dia com queda de 1,03%, a R$ 5,51. Ou seja, apesar da queda, ainda se mantém acima dos R$ 5,50.
Porém, o JPMorgan lembrou que o dólar se fortaleceu após um primeiro corte do Fed em três dos últimos quatro ciclos de afrouxamento.
A decisão do Fed também pode afetar os preços das commodities, como o cobre. A explicação de analistas é que juros mais baixos e dólar mais fraco contribuem para reduzir não apenas o custo de oportunidade de manter os metais, mas também de comprá-los para aqueles que usam outras moedas.
Eleições norte-americanas
No entanto, as eleições norte-americanas são um fator de incerteza sobre o cenário futuro. Para analistas, o pleito presidencial, que tem, de um lado, o ex-presidente Donald Trump, do partido Republicano, e de outro, a vice-presidente Kamala Harris, do partido Democrata, terá um impacto importante, a depender das políticas fiscais implementadas por quem vencer, o que pode complicar ou não o ciclo de cortes de juros.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias