A China apontou deflação de 0,9% em dezembro, segundo o órgão oficial de estatística do país. Foi o terceiro mês seguido de baixa do indicador, mas o gigante asiático tem vivido uma sequência de queda de preços ao consumidor desde 2009. No acumulado do ano, o indicador somou 0,2%, destoando de outras economias do mundo, que lutam com taxas de juros para controlar inflações altas.
Esses números destoam da China de um passado recente. Em 2000, o PIB (Produto Interno Bruto) do país era de US$ 1,2 trilhão, e as taxas anuais de crescimento econômico ficavam entre 8% e 14%.
Os anos de 2001 a 2010 representaram o período de disparada do PIB chinês, que, em 2009, chegou aos US$ 5 trilhões e atingiu US$ 6 trilhões no ano seguinte.
Em uma década, a economia chinesa foi multiplicada por cinco. Com crescimento populacional relativamente controlado, o PIB per capita acompanhou a trajetória: foi de US$ 1.053, em 2001, para US$ 4.550 em 2010.
Por isso, os sinais de enfraquecimento da economia chinesa, com piora significativa durante a pandemia de Covid-19, tem trazido preocupações ao mundo – e isso é compreensível. Afinal, estamos falando da segunda maior economia do mundo.
A China é, por exemplo, o maior parceiro comercial do Brasil. No ano passado, o Brasil ultrapassou a marca de US$ 100 bilhões exportados aos chineses pela primeira vez. Esse montante representa o maior valor já exportado pelo Brasil a um parceiro específico.
No início de seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez questão de restabelecer uma proximidade com o parceiro comercial, que havia sido negligenciado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Para economista do ICL, dados positivos da balança comercial da China, em dezembro, “podem ser um bom sinal”
Apesar da deflação de dezembro, as exportações chinesas mostraram certo alívio em dezembro. Mas, no ano, recuaram 4,6%, no primeiro declínio anual em sete anos. Porém, em dezembro houve alta de 2,3% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Para o economista do ICL (Instituto Conhecimento Liberta) André Campedelli, os dados positivos da balança comercial chinesa “podem ser um bom sinal”, ainda que os níveis de importações estejam abaixo do desejado.
“É esperado que o Brasil consiga aumentar ainda mais a sua participação no comércio com a China, principalmente das commodities soja e minério de ferro. Uma aceleração do mercado chinês pode ser vista como animadora para certos ramos industriais brasileiros”, salientou.
Para tentar reanimar a economia, a China está adotando algumas medidas. A expectativa de analistas é de que, na próxima segunda-feira (15), o Banco Popular da China reduza os juros de referência de um ano pela primeira vez desde agosto, além de injetar mais dinheiro no sistema financeiro.
A deflação tem o potencial de reduzir o valor das exportações chinesas, tornando-as mais baratas para os consumidores estrangeiros. Isso pode ser bom para o comprador, mas ruim para o país.
Em outubro, o índice de preços de exportação atingiu o nível mais baixo já registrado em uma série de dados iniciada em 2006.
Os preços dos alimentos caíram 3,7% em outubro. No mês seguinte, houve queda de 4,2%. O núcleo da inflação — que exclui alimentos e energia — foi de 0,6% em dezembro, inalterado em relação a novembro.
Além disso, há uma crise no sistema imobiliário, o que tem incrementado o leque de preocupações.
Para saber mais informações sobre os dados chineses, assista ao ICL Mercado e Investimentos, com as análises dos economistas do ICL André Campedelli e Deborah Magagna, no vídeo abaixo:
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e de O Globo