Haddad negocia com bancos corte nos juros do rotativo do cartão de crédito

Fernando Haddad vai apresentar um estudo em breve, com o Banco Central nas discussões. A redução do juro do cartão de crédito rotativo é uma das 14 medidas do pacote para destravar o crédito bancário, prometido pelo governo
18 de abril de 2023

Os bancos entregarão um cronograma de estudos ao governo e ao Banco Central (BC) sobre as causas dos juros altos no rotativo do cartão de crédito, disse na segunda-feira (17) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele reuniu-se com representantes de instituições financeiras para discutir uma solução para as taxas dessa modalidade, que estão em 417,4% ao ano, segundo o BC. A promessa de campanha eleitoral do presidente Lula é de tirar milhões de brasileiros do sufoco financeiro.

Segundo Fernando Haddad, o primeiro encontro, que durou cerca de uma hora, serviu apenas para traçar um diagnóstico do setor. O ministro prometeu apresentar um estudo em breve e o envolvimento do Banco Central nas discussões.

“Estávamos com quatro ou cinco CEOs [presidentes-executivos] de bancos aqui, não só a Febraban [Federação Brasileira de Bancos]. Vamos envolver o Banco Central nas discussões. Eles vão entregar um cronograma de apresentação de um estudo [para os juros do rotativo]. Eu pedi celeridade, eles pediram para envolver o BC porque tem a regulamentação do produto”, afirmou Fernando Haddad após a reunião no Ministério da Fazenda.

O cartão de crédito rotativo, hoje, é a linha de crédito mais cara do mercado. A redução do juro do cartão de crédito rotativo é uma das 14 medidas do pacote para destravar o crédito bancário que será anunciado nas próximas semanas pelo governo brasileiro.

De acordo com informações do Banco Central, a taxa média de juros cobrada pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo somou 417,4% ao ano em fevereiro. É o maior nível desde agosto de 2017 (428% ao ano).

Ao mesmo tempo, a taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito subiu de 3,2%, em janeiro, para 3,3% em fevereiro deste ano. É a maior desde fevereiro de 2018 (3,4%).

Instituições financeiras dizem que altos juros do rotativo do cartão se devem à inadimplência e ao parcelamento

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Crédito: Rovena Rosa / Agência Brasil

Estiveram presentes no encontro com Fernando Haddad, o presidente da Febraban, Isaac Sidney, e o ex-deputado federal Rodrigo Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF). Eles estavam acompanhados de presidentes de quatro bancos: Octavio de Lazari (Bradesco), Milton Maluhy (Itaú-Unibanco), Mario Leão (Santander Brasil) e Cristina Junqueira (Nubank).

De acordo com Fernando Haddad, a discussão não é simples porque a indústria de cartões de crédito tem muitos atores envolvidos: “são muitos interlocutores: bandeira, maquininha, bancos e lojistas”.

Do lado das instituições financeiras, apenas o presidente da Febraban falou com os jornalistas. Ele disse que a entidade está disposta a construir, com o governo federal e o Banco Central, soluções para diminuir os juros no rotativo do cartão de crédito. Ele disse que um grupo de trabalho será constituído, sem prazo para a conclusão da análise.

“É importante que a gente ataque não só as causas do spread bancário elevado, mas compreenda as causas do custo de crédito elevado. Não é o momento para apontar caminhos ou discutir propostas. Os caminhos precisam ser discutidos após um diagnóstico correto”, declarou.

Segundo o presidente da Febraban, uma das sugestões a serem apresentadas pelas instituições financeiras será um novo marco legal de garantias (bens e ativos que cubram eventuais calotes), cujo projeto tramita no Congresso Nacional. “Uma das razões a juros bancários elevados é pouca efetividade de garantias. Se o país tiver o Marco Legal de Garantias, vamos dar um passo importante para reduzir o custo de crédito”, declarou Isaac Sidney.

Os representantes das instituições financeiras argumentam que dois motivos explicam o juro alto do cartão de crédito rotativo. Um deles deve-se à inadimplência muito alta, que se aproxima de 40%.

O segundo motivo é o fato dos consumidores poderem parcelar sem juros, algo que só existe praticamente no Brasil e que deixa o risco integralmente com o emissor do cartão.

Os bancos alegam que, tecnicamente, o mais correto seria cobrar juros nesse parcelado, mas reconhecem que politicamente é inviável – já que hoje mais de 70% das compras com cartão são parceladas. Isso teria um forte impacto no varejo e no consumo.

Redação ICL Economia
Com informações da Agência Brasil e do G1


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