Inflação de junho sobe 0,92% para brasileiro de alta renda, diz IPEA. Preço dos combustíveis está entre os vilões

Para economistas do ICL, "problema inflacionário continua sendo um dos mais graves na economia brasileira atual"
18 de julho de 2022

Pelo segundo mês consecutivo, a inflação pesou mais sobre os brasileiros com renda mais alta, conforme levantamento do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado na sexta-feira (15). Entre os dois extremos, o impacto inflacionário entre as pessoas de renda muito baixa ficou em 0,61% naquele mês, enquanto naquelas de renda alta foi de 0,92%. O motivo é que pesaram mais na inflação de junho itens como combustíveis, passagens aéreas e planos de saúde, produtos de mais impacto na cesta dos brasileiros de maior poder aquisitivo.

No acumulado do ano, de janeiro a  junho, a inflação registra altas que variam de 5,43% (renda muito baixa) a 5,69% (renda alta). Já no acumulado de doze meses, à exceção da faixa de renda média-alta, com taxa de variação de 11,5%, todas as demais registram altas próximas a 12,0%.​​ Os dados do IPEA estão compilados no Economia para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas e Atualização do Mercado, divulgado nesta segunda-feira (18) e produzido pela equipe do ICL.

Os indicadores mostram ainda que, em junho, a inflação para a população com renda baixa foi de 0,63%; renda baixa-média, 0,62%; renda média, 0,7%; e renda média-alta, 0,72%.

O impacto inflacionário sobre os brasileiros de menor poder aquisitivo é que, no período, houve redução do preço dos alimentos, com maior peso nessa faixa da população.  “O problema inflacionário continua sendo um dos mais graves na economia brasileira atual e precisa rapidamente ser corrigido para que sejam amenizados os problemas sociais causados pela alta dos preços”, afirmam os economistas do ICL Débora Magagna e André Campedelli, no boletim.

No acumulado em 12 meses, o impacto inflacionário para as pessoas com renda muito baixa, com renda baixa-média e com renda alta foi exatamente o mesmo, de 12%, enquanto para a renda baixa e para a renda média foi de 11,9%. O equilíbrio se manteve como o observado em maio passado.

Como já mostrado, em 2022, no acumulado de janeiro a junho, a inflação tem pesado mais para a população de renda alta, seguido pela renda média (5,58%), renda baixa (5,48%), renda baixa-média (5,47%), renda média-alta (5,46%) e, por fim, a renda muito baixa (5,43%). Historicamente, o impacto inflacionário tem sido muito semelhante para todos os estratos de renda.

Em junho, o impacto da inflação dos alimentos para a população de renda muito baixa foi de 0,24%. Para a população de renda alta, de 0,13%. No caso do grupo transportes, o impacto para a população com renda muito baixa foi de 0,06%, e para a renda alta, de 0,39%. No caso da saúde, ocorreu o mesmo, com impacto de 0,1% para a renda muito baixa e de 0,21% para a renda alta.

Planos de saúde e transportes são decisivos para a inflação dos mais ricos

A elevação do preço dos combustíveis e o reajuste dos planos médicos foram decisivos para a inflação observada nos estratos mais altos de renda, inclusive no período de um ano. Por outro lado, no acumulado em 12 meses, enquanto o grupo alimentos e bebidas teve um impacto relevante para a população com renda muito baixa, o grupo transportes afetou com mais intensidade a população com renda alta.

O impacto do primeiro grupo (alimentos e bebidas) para aqueles com renda muito baixa foi de 4%; já para a população com renda alta foi de 1,59%. O segundo grupo (transportes), com o aumento dos combustíveis, teve impacto de 2,22% entre as pessoas com renda muito baixa, enquanto que, para a renda alta, essa variável impactou 6,4%, ou seja, um impacto quase três vezes maior.

Em junho de 2021, a situação era completamente diferente. Naquele mês, a inflação afetou mais a população de renda baixa do que a população de renda alta. No ano passado, a inflação foi de 0,62% para a população com renda muito baixa e de 0,36% para a população com renda alta, pois, em 2021, o impacto dos alimentos foi o principal problema inflacionário.

 

aumento dos combustíveis

Fonte: Ipea



Redação ICL Economia
Com informações do IPEA e do Boletim “Economia Para Todos Investidor Mestre”, distribuído aos assinantes do Portal ICL

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