De janeiro a agosto deste ano, o investimento estrangeiro direto e o déficit das contas externas brasileiras registraram queda, segundo dados do Banco Central divulgados nesta segunda-feira (25). No período, a redução do investimento estrangeiro direto foi de 36%, para US$ 37,9 bilhões na parcial de 2023. Já o déficit nas contas externas apontou recuo de 30%, para US$ 19,45 bilhões.
Em igual período do ano passado, o investimento estrangeiro direto havia somado US$ 59,2 bilhões. No mês passado, o montante foi de US$ 4,27 bilhões, ante US$ 10 bilhões no mesmo mês de 2022.
Essa redução é atribuída ao comportamento do PIB (Produto Interno Bruto), que registrou desaceleração nos últimos anos devido à alta da taxa básica de juros (Selic).
Os juros básicos da economia brasileira permaneceram em um patamar elevado por quase um ano (13,75%). A trajetória de queda começou em agosto deste ano. Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central anunciou o segundo corte consecutivo de 0,50 ponto percentual na Selic. Com a redução, a taxa passa agora de 13,25% para 12,75% ao ano, o menor patamar em 16 meses.
Em 2021, o PIB brasileiro registrou alta de 5%. No ano passado, o crescimento da economia ficou em 2,9%. A projeção do mercado financeiro para este ano é de uma taxa semelhante de expansão, conforme o Boletim Focus do BC divulgado hoje.
Ainda em relação ao investimento estrangeiro direto, o Banco Central estima uma entrada de US$ 75 bilhões na economia brasileira este ano, um pouco abaixo da projeção do mercado, que prevê US$ 80 bilhões.
Contas externas apontaram déficit menor, de 30% este ano
No período analisado, o déficit nas contas externas também mostrou queda, quando somou US$ 19,45 bilhões. O recuo foi de 30% na comparação com igual período de 2022 (-US$ 27,74 bilhões).
O resultado em transações correntes, um dos principais indicadores sobre o setor externo do país, é formado por balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
Segundo os dados do BC, em agosto as contas externas registraram um rombo de US$ 778 milhões, em comparação com um resultado negativo de US$ 7,01 bilhões no mesmo período do ano passado.
Ou seja, o valor apontado foi bem menor, graças, principalmente, à melhora da balança comercial no período. Também houve ganhos na conta de serviços neste ano. Entretanto, as remessas de rendas ao exterior se elevaram.
O Banco Central projeta um rombo de US$ 45 bilhões nas contas externas neste ano.
Por sua vez, os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 1,27 bilhão em agosto deste ano, com alta frente ao mesmo mês do ano passado – quando totalizaram US$ 1,05 bilhão. Foi o maior valor de despesas no exterior para o mês de agosto, desde 2019 (US$ 1,31 bilhão), antes da pandemia de Covid-19.
Nos oito primeiros meses deste ano, as despesas no exterior somaram US$ 9,73 bilhões, contra US$ 8,08 bilhões no mesmo período de 2022.
As despesas de brasileiros fora do país são influenciadas por fatores como o nível de atividade econômica – que apresenta nova desaceleração nesse ano – e o preço do dólar, usado nas transações internacionais.
Em 2022, a moeda norte-americana fechou em queda de 5,3%, cotada a R$ 5,28. Apesar disso, ainda permaneceu bem acima do patamar de 2019 terminou aquele ano em R$ 4,01.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias