Juros altos colocam crescimento da economia mundial sob risco em 2023. Cenário é pior para América Latina e Caribe

OCDE estima que o crescimento do Brasil será menor este ano. Em uma projeção anterior, organismo internacional previa que a economia brasileira cresceria 1,2% em 2023 e 1,4% em 2024. Agora, prevê que o país crescerá, respectivamente, 1,0% e 1,1%
20 de março de 2023

Prognósticos sobre a economia mundial divulgados por organismos internacionais revelam dificuldades a serem enfrentadas por América Latina e Caribe e, principalmente, o Brasil, em 2023. Em uma frente, o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) alertou ontem (19) que essas regiões enfrentarão um ano “difícil” em 2023, com um crescimento econômico bastante pífio (na casa do 1%), devido às incertezas no mercado global. Em outra frente, a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) reduziu suas estimativas para  expansão da economia brasileira neste e no próximo ano.

Em uma previsão anterior, a OCDE estimava que o Brasil cresceria 1,2% em 2023 e 1,4% em 2024. Agora, o organismo reduziu as projeções para, respectivamente, 1,0% e 1,1%.

As projeções da OCDE vão mais ou menos em linha com relatório divulgado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) no mês passado. No documento, o FMI elevou a expectativa de crescimento para o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2023. Ainda assim, o desempenho é um dos piores entre os países emergentes.

Para o FMI, a economia brasileira deve crescer 1,2% neste ano, aumento de 0,2 ponto percentual em relação à edição de outubro do relatório do FMI, chamado World Economic Outlook (WEO). Para 2024, a projeção é de crescimento de 1,5%, uma diminuição de 0,4 ponto ante a projeção anterior.

Em suas previsões, a OCDE avalia que, se por um lado, as taxas de juros mais elevadas conseguiram controlar as inflações elevadas nas principais economias do globo, por outro, o aumento das taxas de juros manterá os riscos elevados para as economias em 2023.

Ainda assim, a organização prevê expansão de 2,6% para a economia mundial este ano, ante os 3,2% do ano passado, sob o argumento de declínio nos preços de energia e alimentos e a flexibilização da China em suas restrições contra a Covid. Em novembro, a OCDE havia calculado crescimento de 2,2% em 2023.

Já para 2024, o crescimento global deve acelerar para 2,9%, ante 2,7% previsto em novembro, à medida que o impacto na renda familiar dos altos preços da energia desaparece.

Economia mundial: OCDE prevê inflação menor para os 20 mais ricos, mas ainda acima das metas inflacionárias

No ano passado, as 20 principais economias do globo registraram inflação de 8,1%. Para este ano, a OCDE projeta inflação de 5,9% este ano e de 4,5% em 2024. Apesar disso, os indicadores permanecerão acima das metas e a despeito dos aumentos nas taxas de juros de muitos bancos centrais.

Por sua vez, em seu Relatório Macroeconômico 2023, o BID acredita que o ano será mais difícil para América Latina e Caribe em geral, “dada a complexidade do cenário global e suas significativas incertezas”, com crescimento de apenas 1% este ano, percentual inferior ao 1,8% previsto pelo FMI e ao 1,3% projetados pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe das Nações Unidas).

As projeções foram apresentadas em assembleia do BID, encerrada ontem à noite (19), e que reuniu os responsáveis pelas finanças dos países da região.

O encontro aconteceu em um momento em que os mercados estão apreensivos após a falência do Silicon Valley Bank (SVB) e Signature Bank, nos EUA, e a crise do Credit Suisse, que foi comprado pelo UBS Group em um acordo intermediado pelo governo suíço no fim de semana.

O presidente do BID, o brasileiro de origem israelense Ilan Goldfajn, disse no sábado (18) na assembleia, que as perspectivas econômicas da região estão ofuscadas por “crises sobrepostas”. “As perspectivas futuras [da região] são afetadas pelas consequências das crises sobrepostas que enfrentamos: da pandemia [de Covid-19] à invasão russa da Ucrânia, com dívidas mais altas e inflação recorde, insegurança alimentar e energética e, é claro, a crise climática”, destacou o chefe do BID, que não mencionou as turbulências no setor bancário.

“É de vital importância que hoje pensemos nesses desafios que vão além dos países individualmente, são problemas regionais e globais”, acrescentou Goldfajn.

Redação ICL Economia
Com informações do portal G1

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