Dados do Banco Central, divulgados nesta quarta-feira (28), mostram que a taxa média de juros do rotativo do cartão de crédito atingiu estratosféricos 455,1% ao ano em maio, ante 447,3% apontados no mês anterior. Esse é o maior patamar desde março de 2017 (490%).
O rotativo do cartão de crédito é acionado por quem não pode pagar o valor total da fatura na data do vencimento. Essa é a linha de crédito mais cara do mercado e, segundo analistas, deve ser evitada, mas muitos não conseguem escapar da armadilha.
Essa modalidade de crédito é a grande vilã no país. Informações do BC mostram que, no ano passado, a inadimplência no rotativo do cartão para pessoas físicas cresceu 9 pontos percentuais, atingindo 44,7% no fim do ano — a maior taxa da série histórica iniciada em março de 2011.
Os juros, o limite e as condições do crédito rotativo são normalmente estipulados pela empresa que concedeu o cartão. O crédito rotativo só pode ser usado por um mês, conforme regra estabelecida em abril de 2017, com o objetivo de reduzir os juros que os consumidores pagam nessa linha de crédito e para evitar o superendividamento. Depois do prazo de 30 dias, o valor da fatura deve ser pago integralmente.
O rotativo tem sido alvo permanente de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de sua equipe econômica, que prepara medidas para reduzir os juros da modalidade.
Em abril, o ministro da Fazenda já havia afirmado que vai negociar com as instituições financeiras uma redução da taxa de juros cobrada nas operações com o cartão de crédito rotativo.
À época, ele havia informado que a redução do juro do rotativo está sendo discutida com representantes da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), mas encontrar uma solução para o problema dessa cadeia tão cheia de nuances não tem sido tarefa fácil.
Além dos juros do cartão de crédito, taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações de crédito passou de 45,1% para 45,4% de abril para maio
O Banco Central também divulgou que a taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações com pessoas físicas e empresas subiu de 45,1% para 45,4%, de abril para maio desse ano.
O juro médio, nesse caso, foi calculado com base em recursos livres, ou seja, não inclui os setores habitacional, rural e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Esse é o maior patamar desde agosto de 2017, quando a taxa média alcançou 45,6% ao ano. A série histórica do BC tem início em março de 2011.
Mas, em maio, a taxa média de juros cobrada nas operações com empresas ficou estável em 23,8% ao ano, mesmo patamar de abril.
Por sua vez, nas operações com pessoas físicas, os juros subiram de 59,6% ao ano em abril para 59,9% ao ano em abril, também os maiores desde agosto de 2017 (62,3% ao ano).
No cheque especial das pessoas físicas, a taxa recuou de 133,5% ao ano, em abril, para 130,7% ao ano em maio de 2023.
Embora a taxa básica de juros (Selic) esteja no patamar mais elevado desde novembro de 2016, em 13,75% ao ano, os números divulgados pelo BC são baseadas no mercado futuro, pactuados entre as instituições financeiras com base nas expectativas para a economia brasileira.
Endividamento das famílias fica estável em 48,5% no acumulado do ano
Os dados divulgados pelo BC hoje também mostram que o endividamento das famílias brasileiras ficou estável em 48,5% da renda acumulada nos 12 meses até maio em relação a abril. A série histórica do BC para este indicador teve início em janeiro de 2005. Com isso, registrou queda marginal na comparação com fevereiro, quando estava em 48,6%.
A taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito subiu de 3,5% em abril para 3,6% em maio deste ano. Este é o maior patamar desde agosto de 2017, quando somou 3,7%. A série do BC para este indicador começa em março de 2011.
Nas operações com pessoas físicas, a inadimplência ficou estável em 4,2% em maio. É o maior patamar desde maio de 2016.
Por sua vez, a inadimplência das empresas avançou de 2,3% em abril para 2,4% em maio. Trata-se do maior patamar desde maio de 2019.
Volume de crédito bancário avança 0,3% em maio
O volume total do crédito bancário no mercado, segundo o Banco Central, avançou 0,3% em maio, ficando relativamente estável em R$ 5,4 trilhões.
No mês passado, houve estabilidade nos empréstimos para as empresas e aumento de 0,5% nas operações de crédito para as pessoas físicas, para R$ 3,3 trilhões.
Nesse caso, o BC informou que contribuíram as operações com cartão de crédito à vista, com aumento de 2,4%, os financiamentos para aquisição de veículos, com alta de 0,9%, e o crédito consignado para trabalhadores do setor público (+0,6%).
Segundo o BC, também houve alta de 1,46% nas novas concessões de empréstimos no mês passado, período em que somaram R$ 492,7 bilhões, ante R$ 485,6 bilhões em abril.
Com isso, foi interrompida uma série de três meses seguidos de queda do indicador.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias