Relator da LDO quer usar recursos do Novo PAC para bancar Fundo Eleitoral nas eleições do ano que vem

Danilo Forte quer incluir na proposta um cronograma para o governo pagar as emendas parlamentares, incluindo as individuais e de bancadas estaduais, cujos pagamentos são obrigatórios, mas com ritmo ditado pelo Executivo.
22 de novembro de 2023

Depois da discussão da meta fiscal de déficit zero em 2024, nova polêmica se instaura sobre o projeto de LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) que tramita no Congresso. Isso porque o relator da proposta, o deputado Danilo Forte (União-CE), confirmou a inclusão em seu parecer de um cronograma para pagamento obrigatório de emendas parlamentares pelo Executivo.

A ideia do parlamentar é tirar dinheiro do Novo PAC (Programa de Aceleração de Crescimento), uma das principais vitrines do governo Lula, para abastecer o fundo eleitoral que financiará as campanhas municipais nas eleições do ano que vem. A manobra representa uma derrota ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Além disso, o Congresso deve apreciar, nesta quinta-feira (23), vetos presidenciais. Um deles é relativo ao marco temporal para terras indígenas, que deve ser derrubado.

Ou seja, não bastou o governo conceder os ministérios do Esporte, de Portos e Aeroportos e Caixa Econômica Federal para o Centrão, grupo político liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ao que tudo indica, Lira e seus asseclas vão sangrar o governo por mais benesses até o fim do mandato do presidente Lula.

Forte quer incluir na proposta um cronograma para o governo pagar as emendas parlamentares, incluindo as individuais e de bancadas estaduais, cujos pagamentos são obrigatórios. Porém, o Executivo dita o ritmo da liberação dos recursos para, em troca, negociar votações com o Congresso. O montante total atrelado ao calendário é de R$ 37,6 bilhões.

Para o relator, a falta de um cronograma provoca o toma lá dá cá de emendas em votações importantes para o Planalto. “Ficamos muito à mercê do governo de plantão”, afirmou o deputado.

No entanto, o relator ainda não deu detalhes sobre o cronograma. De acordo com o parecer de Forte, as emendas individuais terão reservado um volume de R$ 25,1 bilhões, e as de bancada, R$ 12,5 bilhões. Assim, no ano que vem, o montante total teria um aumento de 23%, em valores nominais.

A justificativa de Forte é que, como o custeio da máquina pública consome grande parcela dos recursos orçamentários, será necessário cortar parte dos investimentos previstos, como o PAC.

LDO: governo previu R$ 900 mi para o Fundo Eleitoral, mas comissão aprovou cerca de R$ 5 bi para partidos gastarem no ano que vem

A CMO (Comissão Mista do Orçamento) já aprovou uma proposta que possibilita aos partidos gastarem até R$ 5 bilhões nas campanhas de candidatos a vereador e prefeito no ano que vem ao cortar R$ 4 bilhões das emendas de bancadas estaduais para destinar ao fundo eleitoral. Esse valor se somaria aos R$ 939,3 milhões inicialmente previstos para o chamado “fundão”.

Hoje, o fundo eleitoral é abastecido com recursos da Justiça Eleitoral e com parte do montante direcionado para as emendas de bancada.

“As emendas de bancada estaduais são impositivas, isso causou uma repulsa dos estados. Por que o fundo eleitoral não pode ser financiado pelos dois lados? Estamos conversando. Só tem espaço na área de investimentos. Quero ver se conseguimos harmonizar para dividir essa conta. O valor de R$ 900 milhões sugerido pelo governo não paga uma eleição em 5 mil municípios”, afirmou Forte.

O parlamentar explicou que pretende entregar, nesta semana, seu relatório final da LDO, mas ainda espera pareceres técnicos sobre como ficam os contingenciamentos de recursos em 2024, após a aprovação das novas regras fiscais (Lei Complementar 200/23).

Com base no novo arcabouço fiscal, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentou emenda à LDO para que o contingenciamento máximo respeite um crescimento mínimo das despesas de 0,6% em relação a 2023.

A cada dois meses, o governo precisa verificar se a meta fiscal corre risco de não ser cumprida e aí decide pelos bloqueios. Para 2024, a meta proposta pelo governo é de déficit zero.

O relator disse que pediu pareceres sobre a questão dos bloqueios para os consultores do Congresso e para o TCU (Tribunal de Contas da União).

Sobre o pagamento de emendas, Forte disse que vai apresentar uma escala de prioridades na proposta. “Qual a grande prioridade do Brasil hoje? A saúde. Hoje, o financiamento do governo federal na saúde ameniza o sofrimento das pessoas nos municípios. Dentro desse cronograma, a ideia é que as emendas de saúde sejam pagas em primeiro lugar”, disse.

Em relação às emendas das comissões temáticas do Congresso, estipuladas em R$ 6,8 bilhões este ano, a expectativa é que o valor possa chegar a R$ 11 bilhões. O relator afirmou que tornar ou não essa modalidade impositiva, ou seja, de pagamento obrigatório pelo governo, ainda está em discussão. A iniciativa é defendida pelo presidente da Câmara e contraria o Palácio do Planalto.

A votação do relatório da LDO na Comissão Mista do Orçamento deve ficar para a próxima terça-feira (28/11).

Redação ICL Economia
Com informações de O Globo e Agência Câmara

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