Presidente do Banco Central será convocado a dar novas explicações sobre taxa de juros a 13,75% ao ano para o Senado

A CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) aprovou ontem (27) quatro requerimentos para que Campos Neto seja convidado novamente à comissão para prestar esclarecimentos sobre a política monetária e a definição da taxa Selic 
28 de junho de 2023

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vai ter que explicar novamente ao Senado as razões de a autoridade monetária ter mantido a taxa de juros em 13,75% ao ano pela sétima vez consecutiva. A CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) aprovou ontem (27) quatro requerimentos para que ele seja convidado novamente à comissão para prestar esclarecimentos sobre a política monetária e a definição da taxa Selic.

Os requerimentos foram apresentados pelos senadores Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), Ciro Nogueira (PP-PI), Rogerio Marinho (PL-RN) e Plínio Valério (PSDB-AM).

Em 25 de abril deste ano, Campos Neto esteve na CAE. Na ocasião, o presidente do BC, que também integra o CMN (Conselho Monetário Nacional), defendeu a autonomia da entidade monetária na ocasião e insistiu no argumento de que manter a Selic em 13,75% ao ano é necessário para controlar a inflação. Aos senadores, ele disse que o Brasil teria “inflação de 10% [ao ano] e Selic de 18,75% se não tivesse elevado juros em ano eleitoral”.

A taxa básica de juros está no mesmo patamar desde agosto de 2022. Na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada ontem de manhã (27), a maioria do colegiado deu os sinais que o governo e o mercado esperavam: a continuidade da queda da inflação, e seu impacto sobre as expectativas, pode possibilitar o início da queda da taxa básica de juros no começo de agosto. Desse modo, a ata traz um tom mais ameno e otimista que o comunicado divulgado com a decisão sobre a Selic.

Em seu requerimento, Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso, afirmou que o “Brasil está estupefato” com a decisão do Copom de manter a Selic no mesmo patamar pela sétima vez.

“O choque com a decisão do Copom é de fácil compreensão. O Brasil passa por um claro processo de redução da inflação. O IPCA [Índice de Preços ao Consumidor Amplo] dos últimos meses tem sido reiteradamente abaixo das expectativas, e desacelerou para apenas 0,23% em maio. A projeção de IPCA para 2023 do Relatório Focus — que o Banco Central afirma tanto levar em conta em suas decisões — caiu de mais de 6% para pouco mais de 5% nas últimas semanas. Já a prévia do IGP-M trouxe a maior deflação da história: 6,7% negativo no acumulado em 12 meses. E, talvez ainda mais importante, as expectativas de inflação para 2024 estão dentro do intervalo de flutuação da meta”, disse Randolfe.

Antes da decisão da CAE de convocar Campos Neto, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, já haviam defendido a convocação do presidente do BC pelo Senado.

Haddad e Simone Tebet comemoram tom mais ameno da ata do Copom e indicação queda da taxa de juros a partir de agosto

Tebet e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também comentaram ontem a última ata do Copom, durante o lançamento do Plano Safra 2023/2024. Ela afirmou que o documento está num tom mais “realista” do que o comunicado emitido logo após a decisão do Copom, na última quarta-feira (21).

“[A ata] veio mostrando que há uma sinalização para queda de juros a partir de agosto. E garantindo também aquilo que nós já temos certeza que estamos fazendo. Se olharem na ata a divergência de alguns votos, ela mostra que eles já reconhecem o trabalho da equipe econômica. Não estamos plantando só sementes, estamos plantando credibilidade, segurança jurídica, previsibilidade para o Brasil. E a ata vem reconhecendo isso. Agora só falta em agosto começarem a baixar os juros”, disse Tebet.

Por sua vez, Haddad disse que o documento indica que grande parte da diretoria do BC reconhece os esforços da equipe econômica e que há um consenso de que a Selic atingiu o pico e começará a cair no segundo semestre.

“O fato de que há uma sinalização clara de boa parte da diretoria [do Banco Central] de que os efeitos das taxas de juros elevadas produziram os resultados [conter a inflação] e o risco fiscal [risco de descontrole das contas públicas] está afastado é o mais importante”, declarou o ministro.

Ele ainda voltou a defender a harmonização entre as políticas monetárias (definição de juros) e fiscal (controle dos gastos públicos) e disse que o tom da ata abre espaço para que isso ocorra em breve, com a queda dos juros básicos. “O Brasil está em trajetória fiscal sustentável e, portanto, a harmonização da política fiscal com a política monetária, que é algo que defendo desde dezembro, eu acredito que possa acontecer brevemente”, frisou o ministro.

Redação ICL Economia
Com informações das agências Brasil e Senado

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