Haddad confirma que sucessão na presidência do Banco Central está no radar de Lula

Ministro da Fazenda disse que Lula deve conversar com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para discutir prazos. O diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, é cotadíssimo à vaga.
14 de agosto de 2024

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ontem (13) que a sucessão na presidência do Banco Central já começa a ser discutida dentro do governo Lula. O mandato do presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, termina em 31 de dezembro deste ano. O diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, é candidatíssimo à vaga.

Haddad disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve conversar com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), para discutir os prazos da sabatina do candidato ao cargo e o calendário eleitoral.

“Ele ficou de conversar com o presidente Pacheco para garantir que o nome dele possa ser sabatinado nesses esforços concentrados que são feitos”, disse Haddad, complementando que uma definição nesse sentido deve ser divulgada nas próximas semanas.

Em abril, Lula foi questionado sobre a possibilidade de antecipar a sucessão no Banco Central. Na ocasião, ele respondeu que ainda não havia tomado uma decisão, mas indicou que essa escolha poderia ficar para o fim do ano, quando termina o mandato de Campos Neto.

Em outra ocasião, Lula chegou a dizer que Galípolo é um nome “altamente preparado” para o cargo e que “conhece muito do sistema financeiro”. Porém, esquivou-se de confirmar se ele será mesmo o nome indicado.

Também em abril, o próprio Campos Neto defendeu o início da transição na presidência da autarquia antes do término de seu mandato. Durante participação em evento do Bradesco BBI, em São Paulo, ele defendeu que a sabatina do novo mandatário da autarquia seja feita ainda este ano.

“Seria bom fazer a sabatina este ano. Se um diretor for presidente interino, ele tem que passar por sabatina também”, disse o economista. A lei da autonomia do BC, porém, não esclarece os passos do procedimento sucessório.

A lei que estabeleceu a autonomia do BC, ainda no governo Bolsonaro (PL), definiu mandato fixo de quatro anos para o presidente da instituição em ciclo não coincidente com o do chefe do Executivo.

Eleições municipais justificam postura do governo em agilizar sucessão no Banco Central

Crítico da condução da política monetária e da postura política adotada por Campos Neto, antecipar os trâmites da sucessão do comando do Banco Central também solucionaria um problema de agenda para o governo.

Neste ano em que ocorrem eleições municipais, a maioria dos parlamentares deve esvaziar o Congresso Nacional para ajudar a eleger aliados em seus estados. A redução no ritmo de trabalho até o primeiro turno já foi definida pelas duas Casas.

No Senado, por exemplo, haverá sessões presenciais apenas nesta semana e na primeira de setembro. Nas duas próximas semanas de agosto, os senadores poderão participar de forma virtual — o que, na prática, dificulta a votação de projetos sensíveis.

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, o presidente da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), disse contar com a antecipação da indicação e afirma que vai pautar logo a sabatina e a votação. “Não vou ficar segurando”, informou.

A CAE é a comissão responsável por fazer a sabatina dos indicadores à diretoria do BC e votar a indicação do presidente Lula. Em seguida, o plenário da Casa faz uma nova votação para confirmar a indicação.

Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo

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