O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, busca formas de obter receitas extraordinárias nos próximos anos para aumento de arrecadação de R$ 110 bilhões a R$ 150 bilhões e, assim, atingir metas do arcabouço fiscal e equilibrar o orçamento público. No radar do governo, há as alternativas para a arrecadação que estão tramitando no Legislativo, como a atualização de valor de imóveis no Imposto de Renda, uma nova etapa de repatriação de recursos do exterior e também mudanças na tributação de fundos exclusivos, de grandes investidores.
O objetivo do governo é combater a sonegação e acabar com benefícios fiscais a pessoas e empresas já privilegiadas. Com isso, a arrecadação atingiria R$ 150 bilhões a mais só neste ano. “Se decidirmos por uma dessas alternativas, ou uma outra que surgir, isso vai entrar na lei orçamentária com o objetivo de termos um orçamento equilibrado”, declarou o ministro.
Aumento de arrecadação prevê uso de receitas extraordinárias respeitando regra de gastos
Segundo Fernando Haddad, não há problema do uso de receitas extraordinárias para alcançar metas de resultado primário, fixadas no arcabouço fiscal, até 2026. “Respeitar a regra de gasto [contida no arcabouço fiscal] é uma coisa, atingir o primário [metas fiscais até 2026] é outra. Para atingir o primário, têm várias medidas que vou colocar na lei orçamentária que preveem receitas extraordinárias”, afirmou ministro, de acordo com a reportagem publicada pelo G1.
A discussão sobre a atualização do valor dos imóveis no Imposto de Renda, chegou a acontecer em 2021, no governo do presidente Jair Bolsonaro. O projeto, porém, não foi adiante.
Atualmente, o registro dos imóveis na declaração do Imposto de Renda é feito pelo seu valor original e fica registrado por esse valor ao longo dos anos. Quando se efetua a venda, incide a alíquota de 15% a 22,5% sobre ganhos de capital.
O antigo Ministério da Economia, capitaneado pelo ex-ministro Paulo Guedes, propôs em 2021 reduzir a alíquota do Imposto de Renda (IR) sobre ganhos de capital na venda de imóveis para 5% se o contribuinte atualizasse o valor da propriedade.
Já sobre a repatriação de recursos do exterior, a primeira rodada aconteceu em 2016, no governo da presidente Dilma Rousseff. Com essa medida, foram arrecadados R$ 50,9 bilhões para ajudar a cumprir a meta fiscal. Pelas regras, sobre o valor regularizado incidiu uma alíquota de 15% de Imposto de Renda e outros 15% de multa.
Na ocasião, 25.011 contribuintes pessoas físicas e 103 empresas aderiram ao programa. A maior parte dos ativos (R$ 163,87 bilhões) foram declarados pelas pessoas físicas. As empresas, por sua vez, declararam R$ 6,06 bilhões em ativos no exterior.
O valor arrecadado foi dividido com estados e municípios. Os estados ficaram com 21,5% da arrecadação do imposto e, os municípios, com 24,5%.
Uma nova rodada de repatriação tem potencial para gerar uma receita extra com o recolhimento de impostos.
A tributação de fundos exclusivos – uma das medidas analisadas para aumentar a receita – já estava sendo considerada pelo governo. Mas, segundo o blog da jornalista Julia Dualibi, colunista do g1, deve ficar para o segundo semestre deste ano, no âmbito da reforma do Imposto de Renda. Fundos exclusivos são aqueles formados por grandes investidores. A ideia seria tributá-los com uma periodicidade e não só no resgate.
A previsão é que o modelo a ser apresentado pelo governo seja semelhante ao regime de “come-cotas”, já presente dos fundos de investimentos tradicionais. Ou seja, os investidores serão cobrados semestralmente, no último dia útil dos meses de maio e de novembro. Atualmente, nos fundos de investimento exclusivos, o imposto só é recolhido no momento do resgate.
A proposta começou a ser discutida durante o governo Temer, chegou a ir para o Congresso, mas não avançou. O governo estima que seriam arrecadados cerca de R$ 10 bilhões com a tributação.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do G1