Durante sessão no Senado sobre a taxa de juros, inflação e crescimento econômico, ocorrida na quinta-feira (27), com a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, da ministra do Planejamento, Simone Tebet, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que, se a economia brasileira continuar desacelerando em razão da alta taxa de juros, haverá problemas fiscais devido ao menor nível de atividade e, assim, menor arrecadação federal. A alta taxa de juros, definida pelo Banco Central, vem sendo criticada pelo governo Lula e sua equipe econômica.
“Se eu desacelero a economia, saindo de 4% para 3%, para 2%, para 1%, eu vou ter impactos fiscais [nas contas públicas], e nós estamos tomando medidas inclusive difíceis de tomar, impopulares, sobretudo por causa do populismo praticado [nas eleições], que surrupiou quase R$ 40 bilhões dos estados no ano passado, mais R$ 60 bilhões de Receita Federal – no ano passado”, disse Haddad, segundo a reportagem publicada pelo G1.
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o Copom age de forma técnica ao manter a alta taxa de juros para atingir as metas de inflação
Em seu pronunciamento na sessão, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o Copom age de forma técnica para atingir as metas de inflação. Segundo Campos, é importante combater a inflação, pois ela gera um “efeito perverso para os mais pobres”, que estão menos protegidos do aumento de preços.
Para economista do ICL Eduardo Moreira, Campos Neto usa argumento de que assunto é técnico para fugir. “Ele se esquiva de explicar dizendo que é técnico para se mostrar muito inteligente. Mas errou muito nos últimos anos, não conseguiu entregar em nenhum deles a inflação dentro da meta”.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, por sua vez, declarou não ver contradição entre a posição do governo federal, que vem defendendo uma baixa da taxa de juros para estimular o crescimento econômico, e a postura do Banco Central de manter os juros mais altos para evitar a inflação.
Tebet acrescentou que o governo não discorda das decisões técnicas do Banco Central, mas avalia que a instituição precisa, também, ter foco nas políticas públicas e no impacto social das medidas.
No Senado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu ainda que o governo abra o que chamou de “caixa-preta” dos benefícios fiscais a fim de aumentar a arrecadação federal. Segundo o titular da Fazenda, o orçamento brasileiro prevê cerca de R$ 500 bilhões de renúncias fiscais e é preciso cortar gastos tributários.
“Temos que abrir essa caixa-preta e discutir com a sociedade, e discutir item por item, para saber para onde está indo o recurso público. E nós estamos falando de quase R$ 500 bilhões explícitos da peça orçamentária, nos seus respectivos anexos de renuncia fiscal, e outros R$ 100 bilhões que não estão na lei orçamentária, porque são tributos que sequer são considerados para fins fiscais pela frouxidão da nossa legislação. Há que se falar em cortes de gastos, sim, sobretudo o gasto tributário”, declarou Haddad.
Haddad explicou que o governo herdou um país com sérios problemas na economia e que está tomando “medidas difíceis” para compensar o que chamou de “populismo” eleitoral de Jair Bolsonaro no ano passado. Em suas considerações finais, o ministro da Fazenda afirmou que o governo não quer “maquiar” as contas públicas, buscando melhorar os resultados desonrando os compromissos.
“Não vamos fazer superávit dando calote em precatório. Não vamos diminuir a inflação tomando dinheiro de governadores”, disse Haddad. “Não vamos fazer esse tipo de maquiagem. Fazer superávit desse jeito, dando calote, baixa a inflação desse jeito, tomando dinheiro do governador, não é motivo de orgulho para o Brasil. Temos que voltar a ter transparência nas contas públicas”, concluiu o ministro.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do G1