A agência de classificação de risco S&P Global Ratings melhorou a nota de crédito do Brasil. Reconhecendo os sinais de melhora na estabilidade das políticas fiscal e monetária do país, a agência elevou ontem (14) de estável para positivo o rating brasileiro. Isso não acontecia desde 2019.
Além disso, a Standard & Poor’s reafirmou o rating de crédito soberano, que reflete a capacidade do país de honrar seus compromissos financeiros, em “BB-” — nota que o país tem desde 2020. Ou seja, o Brasil continua dentro do “grau especulativo”, o que significa que, embora o país esteja menos vulnerável ao risco no curto prazo, segue enfrentando incertezas em relação a condições financeiras e econômicas adversas.
No conjunto, a classificação reflete sinais de maior certeza sobre a estabilidade das políticas fiscal e monetária, que podem acabar beneficiando o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.
Na prática, a mudança reflete um cenário mais otimista para o Brasil no médio prazo, podendo, inclusive, levar a novas elevações da nota de crédito nos próximos dois anos.
A nota de crédito indica a solidez e a saúde das finanças do Brasil, sinalizando que o país tem capacidade de honrar seus compromissos financeiros ao longo do tempo.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou a melhora do rating. Em publicação em sua conta oficial no Twitter, Haddad disse que “tem muito trabalho pela frente. O Brasil tem de voltar a crescer. Penso que a harmonia entre os poderes tem ocorrido para esse resultado. É uma mudança de viés e rota. Muito significativo”, disse
Em participação em reportagem do Jornal Nacional, Haddad dividiu os méritos com Judiciário e com o Congresso, por causa de medidas tomadas nos últimos meses, as quais, segundo ele, melhoraram o ambiente econômico.
“Eu acho que é um passo, um passo importante. Depois de quatro anos, não é?, ter uma sinalização dessas. Mas eu gostaria de compartilhar com o Congresso e com o Judiciário as iniciativas que estão sendo tomadas na direção correta de arrumar as contas do Brasil e permitir que a gente possa avançar com uma geração de emprego, desenvolvimento. Então, isso não é possível a partir só do Executivo”, disse.
O ministro citou os nomes do presidente da Câmara, Arthur Lira, do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, além do STJ (Superior Tribunal de Justiça e o STF (Supremo Tribunal Federal), “que têm se sensibilizado com a agenda da Fazenda, da área econômica em geral”. “Você vê que a menção à nova regra fiscal [arcabouço fiscal] foi feita [pela S&P], a menção às perspectivas de aprovação da reforma tributária, às medidas de reoneração, de corte, de gasto tributário… Tudo isso foi mencionado na nota. E é importante que uma agência externa consiga observar esses avanços do Brasil”, pontuou Haddad, lembrando que o Brasil “não deve um dólar no exterior, é credor internacional”.
Por outro lado, o ministro criticou o Banco Central. Segundo ele, a atuação do BC agora é importante, com a redução dos juros. “Eu falava de harmonização. Está faltando o Banco Central se somar a esse esforço, mas quero crer que estejamos prestes a ver isso acontecer. Quando estivermos todos alinhados, vamos prosperar”, declarou.
Ao melhorar nota de crédito, S&P vê perspectiva de melhora para a dívida pública do governo brasileiro
Ao divulgar a nota, a S&P ressaltou que, apesar de o Brasil ainda registrar grandes déficits fiscais, o avanço da atividade e um caminho mais claro para a política fiscal podem resultar em um ônus da dívida do governo “menor do que o inicialmente esperado”. “Isso poderia dar suporte à flexibilização monetária e à posição externa líquida do Brasil”, afirmou a empresa em comunicado.
A agência de classificação de risco ainda apontou que “tais evoluções reforçariam nossa visão sobre a resiliência da estrutura institucional do Brasil, com uma formulação de políticas estável e equilibrada entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do governo”.
Para conseguir essa melhora, a agência reforça para a necessidade de aprovação das reformas adicionais, como a reforma tributária, que está em debate no Congresso.
Contudo, se as políticas fiscal e monetária forem implementadas de forma inadequada, resultando em crescimento econômico limitado, a perspectiva pode ser novamente rebaixada para “estável” nos próximos dois anos.
Por ora, a mudança no rating pode trazer reflexos positivos para o Brasil. Quanto maior é a classificação, mais confiável é o país, o que atrai investidores, principalmente estrangeiros.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do Jornal Nacional