O ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda Gabriel Galípolo, durante sabatina no Senado ontem (4), disse que “talvez seja preciso se entender que é óbvio que é o poder eleito democraticamente, a vontade das urnas, que determina qual é o destino econômico da nossa sociedade”. O nome dele foi aprovado na Casa, com 23 votos a 2, para ocupar o cargo de diretor de Política Monetária do Banco Central (BC).
O outro aprovado também na sabatina do Senado, por 24 votos a 1, foi Ailton de Aquino Santos, que ocupará a Diretoria de Fiscalização do BC. Servidor de carreira da autarquia desde 1998, ele será o primeiro negro a ocupar um cargo na diretoria na instituição.
Há a expectativa de que Galípolo, no comando da área de Política Monetária do BC, promova a harmonização entre política fiscal e monetária.
Durante a sabatina no Senado, sendo a primeira na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e depois no plenário da Casa, Galípolo falou sobre questões polêmicas que são debatidas nos meios econômicos desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): a autonomia do BC e a “moeda única” para comércio entre países
Ele afirmou que, durante o período de eleição, foi percebendo que “boa parte” das divergências com interlocutores do mercado financeiro vinha “da dificuldade de compreensão de alguns conceitos”.
“Cada vez mais acredito que se a gente tirar alguns ruídos e perturbações, se a gente se sentar à mesa com pessoas de bom senso, a distância que parece ser muito grande nas divergências encurta bastante”, disse. “Às vezes se entende a autonomia do BC como se fosse autonomia do processo democrático, como se alguém quisesse ser indicado para ser diretor do BC para fazer alguma coisa à revelia do que saiu da vontade democrática. O que não é o desejo de ninguém”, explicou.
Os dois são os primeiros nomes indicados pelo terceiro governo do presidente Lula para o Banco Central.
Os indicados vão se juntar a outros seis diretores e ao presidente Roberto Campos Neto nas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária), responsável pela definição da taxa básica de juros, a Selic, que está no centro de uma queda de braço entre Lula e a direção do BC.
Gabriel Galípolo é cotado para substituir o atual presidente do BC, quando o mandato dele terminar no fim de 2024
As indicações ocorreram em meio a fortes críticas de Lula e integrantes do governo ao presidente da instituição, o economista Campos Neto, e à taxa básica de juros, definida pelo Copom. O mandato de Campos Neto termina no fim de 2024 e o nome de Galípolo vem sendo ventilado para substituí-lo.
Galípolo também se referiu a Campos Neto ao mencionar a trajetória da relação entre crescimento econômico e dívida pública.
“O próprio Roberto [Campos Neto] tem dito: a única solução é crescer mais e, para crescer, precisa enfrentar essa agenda que muitas vezes é recebida com ceticismo pela dificuldade do que se precisa enfrentar”, declarou.
Por sua vez, Aquino Santos disse que o setor tem enfrentado uma diminuição no número de servidores na última década. “Não houve aumento do quadro de servidores. Pelo contrário, há 10 anos tínhamos na área de supervisão 1.100 servidores, hoje não chega a 650. Quase um terço desses podem se aposentar ou estão aptos a se aposentar no próximo ano. A média de idade da área de supervisão gira em torno de 50 anos, padrão no restante do Banco Central”, disse.
Ele defendeu também aumento na remuneração dos funcionários da instituição. “Impraticável manter a excelência sem recursos humanos em número, grau, expertise e níveis remuneratórios compatíveis com as responsabilidades alocadas à autarquia. Esses são pontos que precisam ser equacionados”, disse.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e da Rede Brasil Atual