Além de não cumprir o prometido durante a campanha em 2018, que era a isenção do IR (Imposto de Renda) para quem ganha até cinco salários mínimos, agora, o Governo comemora a arrecadação com impostos em julho. É o maior volume de arrecadação do governo para o mês, desde o início da série histórica da Receita Federal, iniciada em 1995. Ou seja, o maior para o mês em 28 anos. A série é atualizada pela inflação. Até então, o recorde havia sido registrado em julho do ano passado.
Nesta sexta (26), a Receita Federal informou que a arrecadação do governo federal com impostos, contribuições e demais receitas atingiu R$ 202,588 bilhões em julho deste ano. O resultado representa alta real (descontada a inflação) de 7,47% na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando a arrecadação foi de R$ 188,5 bilhões (valor corrigido pela inflação).
Enquanto a arrecadação de impostos aumenta para a maioria da população e empresas, o Governo quer favorecer os pastores com isenção tributária. Em 1 de agosto, Bolsonaro anunciou medida, autorizando a União gastar, neste ano, R$ 367 bilhões em vantagens tributárias concedidas a determinados grupos, entre eles os pastores, sem contrapartidas comprovadas para a sociedade.
O economista e sócio-fundador do ICL, Eduardo Moreira, explica que o pagamento de impostos permite que, na vida em sociedade, uma pessoa cuide da outra. Cada contribuinte tem de exigir que o imposto pago se reverta em condições melhores de vida. Todos têm de pagar. “O pastor tem de pagar imposto para reverter aos fiéis uma vida mais digna”, diz Moreira.
Impostos cobrados das empresas ajudaram no recorde de arrecadação do governo
Segundo a Receita, o recorde na arrecadação de julho foi puxado, principalmente, pelo Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e pela Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), que totalizaram uma arrecadação de R$ 53,152 bilhões, com crescimento real de 17,48%. Ambos são impostos cobrados das empresas.
Também pelo Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF) cobrado de investimentos em renda fixa, que teve arrecadação de R$ 6,376 bilhões, com acréscimo real de 52,54%.
A receita previdenciária ainda puxou a arrecadação com R$ 44,444 bilhões, com acréscimo real de 3,65%. Esse resultado pode ser explicado pelo aumento real de 10,59% da massa salarial e pelo início do recolhimento das parcelas diferidas (postergadas) das empresas do Simples Nacional.
Também contou com a entrada do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRPF) descontado do contracheque dos trabalhadores e aposentados, que apresentou uma arrecadação de R$ 13,229 bilhões, alta real de 5,66%.
No acumulado de janeiro a julho deste ano, ainda segundo os dados oficiais, a arrecadação federal somou R$ 1,292 trilhão, em valores nominais.
Em valores corrigidos pela inflação, totalizou R$ 1,309 trilhão, o que representa alta real (descontada a inflação) de 10,44% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Os números da Receita Federal também mostram que a arrecadação nos sete primeiros meses deste ano foi a maior para o período na série histórica corrigida pela inflação. Ou seja, mais um recorde. Até então, o recorde para o período pertencia ao ano de 2021.
Para o acumulado de todo o ano de 2022, a Receita Federal estima que a arrecadação atinja cerca de R$ 2,2 trilhões, o que, se confirmado, será um crescimento real (descontada a inflação) de 4% a 5% em relação ao resultado de 2021.
Coordenador de Previsão e Análise da Receita Federal, Marcelo Gomide explica que o Fisco espera uma desaceleração do crescimento da arrecadação neste segundo semestre do ano, em virtude da base forte de comparação em relação ao mesmo período do ano passado.
Em 2021, a arrecadação do governo somou R$ 1,87 trilhão, em valores nominais, valor recorde que representou, na época, alta real 17,36%.
Em valores corrigidos pela inflação até julho deste ano, a arrecadação do ano passado foi de R$ 2,065 trilhões, influenciada pela recuperação da economia pós-Covid e pela base fraca de comparação com 2020, ano do auge da pandemia.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias