Após subir 2,56% em julho, o índice de inflação da cesta básica teve queda de 1,88% em agosto no Brasil, aponta estudo de professores do curso de economia da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná). Apesar da trégua, a cesta básica ainda acumulou alta de 25,9% em 12 meses até agosto -o avanço era de 30,01% até julho. As únicas quedas no acumulado foram registradas pelo tomate (-8,18%) e pelo arroz (-6,36%). Isso significa uma alta de preços muito acima da inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Até agosto, o indicador subiu 8,73%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
De acordo com o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em agosto de 2022, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.298,91, ou 5,20 vezes o mínimo de R$ 1.212,00. Em agosto de 2021, o valor do mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 5.583,90, ou 5,08 vezes o valor vigente na época, de R$ 1.100,00.
O estudo da cesta básica elaborado pela PUCPR tem como base os dados de inflação de 13 alimentos que compõem o IPCA. Nove recuaram em agosto. As quedas foram registradas por tomate (-11,25%), batata-inglesa (-10,07%), óleo de soja (-5,56%), feijão-carioca (-5,39%), leite longa vida (-1,78%), açúcar cristal (-1,72%), contrafilé bovino (-1,29%), café (-0,50%) e arroz (-0,42%). A baixa do índice de inflação da cesta básica em 1,88% é a maior registrada em um ano pela pesquisa. A série histórica teve início em setembro de 2021.
Os outros quatro produtos da cesta seguiram em alta no mês passado. A farinha de mandioca (1,43%) teve a maior elevação, seguida por banana prata (1,42%), pão francês (1,12%) e margarina (1,08%).
Uma combinação de fatores gerou alívio para a cesta em agosto, de acordo com o estudo do curso de economia da PUCPR. Parte dos alimentos engatou uma sequência de fortes altas no primeiro semestre, e era esperado que o movimento perdesse ímpeto.
A inflação da cesta básica tende a ter novos sinais de trégua até o fim do ano na esteira das melhores condições climáticas
Segundo do estudo da PUCPR, melhores condições climáticas também começam a beneficiar a produção e a oferta das mercadorias, enquanto a baixa dos combustíveis atenua custos de transporte.
Esse movimento, porém, não significa que a comida esteja barata. Sinal disso é que, em 12 meses até agosto, o leite acumulou disparada de 60,81%, a maior da cesta básica.
Café (46,34%), banana prata (31,07%), batata-inglesa (25,12%), margarina (24,19%) e feijão-carioca (22,67%) vieram na sequência.
De acordo com o estudo da PUCPR, a inflação da cesta básica tende a ter novos sinais de trégua até o fim do ano na esteira das melhores condições climáticas para a produção e da baixa dos combustíveis. Porém, a ampliação do Auxílio Brasil às vésperas das eleições pode aquecer a demanda por alimentos e gerar um efeito contrário, tornando mais lento o processo de desinflação.
Carne bovina e leite são os principais produtos que o público do Auxílio Brasil deixou de comprar e pretendia voltar a consumir a partir do aumento dos repasses para R$ 600, indicou em agosto uma pesquisa da Asserj (Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro).
No mês passado, o preço da cesta básica diminuiu em 16 das 17 capitais contempladas por levantamento do Dieese. As reduções mais expressivas ocorreram em Recife (-3%), Fortaleza (-2,26%), Belo Horizonte (-2,13%) e Brasília (-2,08%). A única alta, de 0,27%, foi verificada em Belém.
O Auxílio Brasíl só compra cesta básica em 5 capitais. Mesmo com a trégua, apenas 5 das 17 capitais analisadas pelo Dieese tinham cesta básica abaixo de R$ 600, valor do Auxílio Brasil.
As cinco ficam no Nordeste: Recife (R$ 598,14), Natal (R$ 580,74), Salvador (R$ 576,93), João Pessoa (R$ 568,21) e Aracaju (R$ 539,57).
São Paulo teve a cesta básica mais cara em agosto: R$ 749,78. Na sequência, vieram duas capitais do Sul: Porto Alegre (R$ 748,06) e Florianópolis (R$ 746,21). O Rio de Janeiro (R$ 717,82) foi a outra metrópole com valor acima de R$ 700.
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, após o desconto de 7,5% da Previdência Social, o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em média, 58,54% do rendimento para adquirir os alimentos em agosto, diz o Dieese. O percentual ficou abaixo do verificado em julho (59,27%). Um ano antes, em agosto de 2021, a proporção estava em 55,93%.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias