Apesar da trégua no aumento de preço em agosto, cesta básica ainda acumula alta de 25,9% em 12 meses

Alta de preços da cesta básica ainda continua muito acima da inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo)
26 de setembro de 2022

Após subir 2,56% em julho, o índice de inflação da cesta básica teve queda de 1,88% em agosto no Brasil, aponta estudo de professores do curso de economia da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná). Apesar da trégua, a cesta básica ainda acumulou alta de 25,9% em 12 meses até agosto -o avanço era de 30,01% até julho. As únicas quedas no acumulado foram registradas pelo tomate (-8,18%) e pelo arroz (-6,36%). Isso significa uma alta de preços muito acima da inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Até agosto, o indicador subiu 8,73%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

De acordo com o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em agosto de 2022, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.298,91, ou 5,20 vezes o mínimo de R$ 1.212,00. Em agosto de 2021, o valor do mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 5.583,90, ou 5,08 vezes o valor vigente na época, de R$ 1.100,00.

O estudo da cesta básica elaborado pela PUCPR tem como base os dados de inflação de 13 alimentos que compõem o IPCA. Nove recuaram em agosto. As quedas foram registradas por tomate (-11,25%), batata-inglesa (-10,07%), óleo de soja (-5,56%), feijão-carioca (-5,39%), leite longa vida (-1,78%), açúcar cristal (-1,72%), contrafilé bovino (-1,29%), café (-0,50%) e arroz (-0,42%). A baixa do índice de inflação da cesta básica em 1,88% é a maior registrada em um ano pela pesquisa. A série histórica teve início em setembro de 2021.

Os outros quatro produtos da cesta seguiram em alta no mês passado. A farinha de mandioca (1,43%) teve a maior elevação, seguida por banana prata (1,42%), pão francês (1,12%) e margarina (1,08%).

Uma combinação de fatores gerou alívio para a cesta em agosto, de acordo com o estudo do curso de economia da PUCPR. Parte dos alimentos engatou uma sequência de fortes altas no primeiro semestre, e era esperado que o movimento perdesse ímpeto.

A inflação da cesta básica tende a ter novos sinais de trégua até o fim do ano na esteira das melhores condições climáticas

cesta básica, inflação de abril

Crédito: Envato

Segundo do estudo da PUCPR, melhores condições climáticas também começam a beneficiar a produção e a oferta das mercadorias, enquanto a baixa dos combustíveis atenua custos de transporte. 

Esse movimento, porém, não significa que a comida esteja barata. Sinal disso é que, em 12 meses até agosto, o leite acumulou disparada de 60,81%, a maior da cesta básica.

Café (46,34%), banana prata (31,07%), batata-inglesa (25,12%), margarina (24,19%) e feijão-carioca (22,67%) vieram na sequência. 

De acordo com o estudo da PUCPR, a inflação da cesta básica tende a ter novos sinais de trégua até o fim do ano na esteira das melhores condições climáticas para a produção e da baixa dos combustíveis. Porém, a ampliação do Auxílio Brasil às vésperas das eleições pode aquecer a demanda por alimentos e gerar um efeito contrário, tornando mais lento o processo de desinflação.

Carne bovina e leite são os principais produtos que o público do Auxílio Brasil deixou de comprar e pretendia voltar a consumir a partir do aumento dos repasses para R$ 600, indicou em agosto uma pesquisa da Asserj (Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro).

No mês passado, o preço da cesta básica diminuiu em 16 das 17 capitais contempladas por levantamento do Dieese. As reduções mais expressivas ocorreram em Recife (-3%), Fortaleza (-2,26%), Belo Horizonte (-2,13%) e Brasília (-2,08%). A única alta, de 0,27%, foi verificada em Belém.

O Auxílio Brasíl só compra cesta básica em 5 capitais. Mesmo com a trégua, apenas 5 das 17 capitais analisadas pelo Dieese tinham cesta básica abaixo de R$ 600, valor do Auxílio Brasil.
As cinco ficam no Nordeste: Recife (R$ 598,14), Natal (R$ 580,74), Salvador (R$ 576,93), João Pessoa (R$ 568,21) e Aracaju (R$ 539,57).

São Paulo teve a cesta básica mais cara em agosto: R$ 749,78. Na sequência, vieram duas capitais do Sul: Porto Alegre (R$ 748,06) e Florianópolis (R$ 746,21). O Rio de Janeiro (R$ 717,82) foi a outra metrópole com valor acima de R$ 700.

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, após o desconto de 7,5% da Previdência Social, o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em média, 58,54% do rendimento para adquirir os alimentos em agosto, diz o Dieese. O percentual ficou abaixo do verificado em julho (59,27%). Um ano antes, em agosto de 2021, a proporção estava em 55,93%.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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