Secretário de Política Econômica da Fazenda vê espaço para queda ‘rápida’ e ‘vigorosa’ da taxa Selic

Em entrevista à Globonews, Guilherme de Mello disse que "já há consolidado por algum tempo espaço para a redução da taxa de juros", levando-se em conta as "variáveis macroeconômicas".
28 de julho de 2023

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse, nesta sexta-feira (28), que a equipe econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está convencida de que há espaço para uma “rápida” e “vigorosa” redução da taxa Selic nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.

Em entrevista à Globonews, Mello disse: “Já há consolidado por algum tempo espaço para a redução da taxa de juros… Isso diz respeito às variáveis macroeconômicas, é uma análise basicamente técnica, olhando tanto para o comportamento dos índices de inflação quanto para o mercado de trabalho”.

Ele ainda afirmou que acredita que a redução da taxa pode iniciar já na próxima reunião do Copom, em agosto, e que o processo de cortes fará com que agentes econômicos precifiquem um ciclo sustentável de queda dos juros e gerará a antecipação de investimentos no país.

“Nós acreditamos que esse processo pode se iniciar nessa reunião do Copom [1º e 2 de agosto]… Se iniciarmos hoje um processo de redução sustentável e crível da taxa de juros, os próprios agentes econômicos vão precificar essa queda e antecipar suas decisões de investimento”, frisou.

A fala de Mello converge com a do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que, na última quarta-feira (26), em entrevista ao site Metrópoles, disse que o mercado espera que a próxima reunião do Copom defina uma queda de 0,5% nos juros.

“A inflação dos últimos 12 meses está abaixo de 3,2%. Isso, com toda a reoneração de combustíveis”, observou. “As projeções de fim do ano estão todas em menos de 5%; no começo do ano, estavam todas acima de 6%. A inflação projetada para este ano caiu mais de um ponto percentual. Ou seja: você vai manter os juros na casa dos 10% em termos reais?”, disse Haddad.

A Selic está atualmente em 13,75%, mas há ampla expectativa no mercado de que será reduzida na quarta-feira que vem, ao fim da reunião de dois dias do Copom. Probabilidades implícitas em contratos futuros de juros apontam 67% de chance de um corte de 0,50 ponto percentual, com 33% de chance de ajuste menos intenso, de 0,25 ponto.

Redução da taxa Selic ganhou força após IPCA negativo em junho e melhora da nota do Brasil pela Fitch

Em junho, a inflação oficial medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) caiu 0,08%, ficando 0,31 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de 0,23% registrada em maio. Essa é a menor variação para o mês de junho desde 2017, quando o índice foi de -0,23%.

Na última quarta-feira (26), a agência de classificação de risco Fitch elevou a nota de crédito soberano do Brasil de BB- para BB, com perspectiva estável. A Fitch destacou o desempenho macroeconômico e fiscal melhor que o esperado e a agenda de reformas promovida pelo governo Lula.

Na ata de sua última reunião de política monetária, em junho, o BC disse que a maioria dos membros do Copom enxergavam a possibilidade de iniciar um afrouxamento monetário “parcimonioso” em seu próximo encontro, desde que um cenário de inflação mais benigno se consolidasse.

No último Boletim Focus do Banco Central, os mais de cem representantes do mercado financeiro entrevistados para a publicação mantiveram a projeção para a taxa Selic ao fim deste ano em 12%, o que indica que o mercado espera uma queda de 1,75 ponto percentual no indicador até o fim do ano.

Segundo analistas, vai ficar muito chato se o Copom mantiver a teimosia de não baixar a Selic diante de todos esses dados econômicos que permitem a queda. A conferir.

Redação ICL Economia
Com informações do UOL. Fonte: Agência Reuters

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