O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ontem (27) que, após conversa com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, cujo mandato termina em 31 de dezembro deste ano, sugeriu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que indicasse o nome do futuro presidente da autarquia entre agosto e setembro.
“Eu cumpri uma formalidade que me parece mais do que um gesto de educação, que foi conversar com Roberto Campos Neto sobre isso, e nós dois chegamos à conclusão, que foi levada ao presidente Lula, de que agosto seria um bom mês de anúncio para que houvesse prazo de transição”, disse o mandatário da Fazenda, em evento promovido pelo banco Santander.
“Entre agosto e setembro, para ser bem honesto com o que foi dito. Penso que o presidente está com essa informação fresca na cabeça para considerar a possibilidade de um anúncio em breve”, emendou.
O próprio Campos Neto defende o início da transição do cargo, que precisa cumprir alguns ritos burocráticos, como uma sabatina no Senado.
O governo intencionava indicar o nome ainda em agosto para que o Senado fizesse a sabatina e a votação do nome na primeira semana de setembro, quando haverá um esforço concentrado de votações no plenário da Casa. Porém, há resistência por parte dos senadores.
O nome mais cotado a assumir a vaga é o diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo, que é próximo de Haddad. Além da vaga de Campos Neto, dois outros mandatos vencem em dezembro: os dos diretores de Regulação, Otávio Damaso; e Relacionamento, Carolina Barros.
Lula teria sugerido ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que faria todas as indicações logo, de uma só vez, mas estaria reavaliando o momento dos anúncios após o senador defender que este não seria o melhor momento, devido às eleições municipais, quando muitos parlamentares estarão focados em suas bases.
Haddad: Orçamento de 2025 será entregue na sexta-feira (30) e vem mais ajustado à economia
No mesmo evento, o ministro também comentou que a peça orçamentária de 2025, a ser anunciado na sexta-feira (30), prazo final para entrega ao Congresso, está mais ajustada ao que deve acontecer na economia.
Ele admitiu que o Orçamento deste ano foi construído em cima de um excesso de otimismo sobre a arrecadação e assegurou que o que está sendo construído agora está mais “equilibrado”.
“Eu digo a você, com muita tranquilidade, essa peça orçamentária me causa mais conforto do que a do ano passado. A peça orçamentária do ano passado, na minha opinião, subestimava receitas ordinárias e superestimava receitas extraordinárias. Cheguei a dizer isso em uma entrevista na época”, disse.
“O meu feeling é de que ela está bastante mais ajustada ao que eu penso que vai acontecer com a economia brasileira”, acrescentou.
O ministro observou que, por conta da deflação no IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna), observado pela Receita na projeção da arrecadação, as receitas ordinárias foram subestimadas no Orçamento que está sendo executado neste ano.
Haddad enfatizou que o governo deve entregar neste ano a meta de resultado primário dentro da banda, que permite um déficit de até 0,25% do PIB (Produto Interno Bruto) nas contas que desconsideram os pagamentos de juros.
Porém, o resultado terá uma composição mais benéfica do lado da arrecadação, uma vez que a surpresa veio das receitas recorrentes.
Propostas para o setor privado
O mandatário da Fazenda também disse que o projeto orçamentário de 2025 será enviado ao Congresso com propostas do setor privado, que “está se unindo ao esforço da Fazenda no sentido de buscar fontes eficientes e alternativas de receita em proveito do equilíbrio das contas públicas”. “Temos conversado com vários segmentos e, questão de um mês atrás, recebemos uma proposta bastante interessante que vai se transformar num programa que vai constar da lei orçamentária”, afirmou.
Ele acrescentou que o programa está alinhado ao desejo de um sistema tributário “mais decente”.
O ministro da Fazenda reformou ainda que continua otimista com o Brasil e que pensa que o país pode entrar em um ciclo de crescimento sustentável se o governo continuar a fazer aquilo que precisa ser feito, aquilo que, de acordo com ele, é a obsessão do governo desde dezembro de 2022.
“Queremos é diminuir o estímulo fiscal que vem sendo dado há 10 anos, praticamente desde 2015. Nós estamos com o déficit primário bastante elevado e queremos substituir esse impulso fiscal por uma regra de desenvolvimento com taxas de juros moderadas, com sustentabilidade fiscal e com um conjunto de reformas que nós vamos empreender para dar um horizonte de longo prazo para os investidores, trabalhadores, cidadãos de uma maneira geral”, disser Haddad.
Ele ainda comentou o IPCA-15 divulgado ontem: “Não estamos vendo pressões inflacionárias, núcleos de inflação muito comportados. É importante dizer isso porque fica todo mundo com medo do emprego, imaginando que a inflação vai bater a porta. E o que nós estamos vendo é que o emprego está vindo e os núcleos estão cedendo”, declarou.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias