Independentemente dos resultados eleitorais de 2022, a perspectiva é de que haverá queda do crescimento da economia no Brasil em 2023, reduzindo o PIB (Produto Interno Bruto) para apenas 0,6%, informou o jornalista Jamil Chade em sua coluna no UOL.
O alerta foi feito durante a Conferência da ONU ( (Organização das Nações Unidas) para o Comércio e Desenvolvimento nesta segunda-feira (3), quando é divulgado o informe global da ONU, com dados da economia do planeta. Recentemente, em 8 de setembro, outro relatório divulgado, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), mostrou que o Brasil aparece com um IDH de 0,754 entre 191 países, apontando queda de três posições em relação a 2020, quando o país ocupava o 84º lugar com 0,765.
O IDH da ONU mostra que o Brasil desceu para a 87ª posição em 2021, no ranking que mede o bem-estar da população considerando os indicadores de saúde, escolaridade e renda. É a primeira vez em três décadas que o Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil cai por dois anos seguidos globalmente.
A economia brasileira corre o risco de sofrer um freio abrupto, cresce menos que a taxa da média mundial e, para 2023, viverá uma situação ainda mais difícil. “Após uma breve recuperação em 2021, a economia brasileira está agora em risco de uma desaceleração abrupta, chegando a 1,8% de crescimento em 2022”, afirmou o informe global da ONU.
O informe global da ONU faz uma revisão para cima do crescimento da economia brasileira em 2022, em comparação aos dados que havia apresentado no início do ano. A alta foi de 0,5 ponto percentual. No lugar de um crescimento de 1,3%, a perspectiva agora é de uma expansão de 1,8%. Mas, ainda assim, o desempenho está muito abaixo dos 4,6% registrados em 2021.
A revisão para cima foi insuficiente para recolocar o Brasil na média do crescimento mundial, de cerca de 2,5% para 2022. A economia brasileira também crescerá abaixo da média da América Latina, que terá crescimento de 2,6%.
Estimativa do informe global da ONU para o crescimento médio mundial é de 2,2%
Entre as grandes economias do mundo, apenas a África do Sul, Japão e Alemanha terão taxas mais baixas de expansão do PIB que o Brasil, além do caso da Rússia, que está em guerra.
Para 2023, a taxa de crescimento do Brasil de apenas 0,6% é muito inferior ao crescimento médio mundial de 2,2%. Uma vez mais, o país está entre os lanternas do crescimento mundial entre as maiores economias do mundo.
Segundo a secretária-geral da Unctad, Rebeca Grynspan, parte do impacto está relacionado com o fato de a América Latina não ter se recuperado do impacto da covid-19. A secretária geral afirma que a região foi uma das que mais sofreram com a pandemia. Em termos do PIB, o impacto foi o mais profundo do mundo e, no período de recuperação, não atingiu as metas de outras regiões. E, se olharmos, é ainda chocante que a região, que representa 8% da população mundial, tenha 30% dos mortos.
A secretária-geral da Unctad espera que, uma vez superada a eleição brasileira, o país tenha a “estabilidade política para pensar o que trará um crescimento sustentável para o futuro, levando em consideração os ativos que o país tem”.
Segundo o informe global da ONU, o desempenho baixo não é uma novidade e reflete “problemas estruturais e instabilidade política”. “O Brasil atravessa uma década de crescimento baixo, antes mesmo da pandemia”, disse. “Um dos fatores é um padrão de desindustrialização prematura, o fracasso de aumentar o papel do setor industrial, além do persistente padrão de baixo investimento produtivo”, consta no informe. Isso, segundo ele, levou a uma dependência de exportações de commodities.
As taxas sobre o Brasil mostram uma continuação de um desempenho fraco na última década. Entre 2009 e 2019, a taxa de expansão da economia nacional foi de apenas 0,7%, muito abaixo dos 3% de crescimento médio no mundo neste período. Entre 2000 e 2009, porém, o crescimento era de 3,6%, acima da média mundial.
A situação mundial ameaça ser ainda mais dura. Para a secretária-geral da Unctad, a situação mundial jogou mais de 50 milhões de africanos para a pobreza, enquanto retirou US$ 360 bilhões de renda dos países em desenvolvimento por conta do aumento das taxas de juros nos países ricos.
Hoje, segundo o informe global da ONU, os países mais pobres estão financiando os mais ricos. De acordo com a entidade, o mundo deixou de gerar em termos de renda cerca de US$ 17 trilhões desde a eclosão da pandemia.
Redação ICL Economia
Com informações do UOL