Mercado reduz projeção de inflação para 7,67%, mas população segue sentindo no prato a alta dos preços

Economista do ICL aponta que não faz sentido subir taxa básica de juros em cenário de inflação em alta e atividade econômica em baixa
11 de julho de 2022

A projeção de inflação feita por agentes do mercado financeiro é menor pela segunda semana consecutiva, conforme o relatório Focus, do Banco Central (BC), divulgado nesta segunda-feira (11). A expectativa para o indicador baixou de 7,96% para 7,67%. Contudo, para o ano que vem houve um aumento na projeção do IPCA de 5,01% para 5,09%. 

A mudança nas projeções se deve aos impactos das medidas recentes do governo federal, como a redução do ICMS dos combustíveis e a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Auxílios, já aprovada no Senado e na iminência de tramitar na Câmara dos Deputados. Porém, além de serem medidas eleitoreiras, já que o presidente Jair Bolsonaro é candidato à reeleição, a desoneração fiscal deve retirar recursos de setores importantes, como saúde e educação, serviços essenciais principalmente à população.

Sobre as projeções para este ano, o BC já havia antecipado que a meta de inflação em 2022, de 3,5%, não será cumprida. O relatório Focus também traz a projeção de que no ano que vem haverá novamente estouro da meta que, para 2023, é de 3,25%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Para controlar a subida do indicador, o mercado projeta que a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,25%, termine 2022 em 13,75%. Para 2023, a expectativa é de redução para 10,5%, e, para 2024, para 8%.

Em relação do PIB (Produto Interno Bruno), o mercado aumentou sua projeção de alta em 2022, de 1,51% na semana passada para 1,59% na edição de hoje do relatório. Para 2023, a expectativa permanece em 0,50%, diante do cenário global econômico mais difícil, com altas de juros e inflação nos países mais avançados.

Projeção de inflação: população brasileira sente peso no prato

A inflação oficial do Brasil em junho, medida pelo IPCA, acumulou alta de 11,89% em 12 meses. O resultado disso é que, cada vez mais, os preços dos alimentos e das bebidas nos supermercados estão mais altos. Segundo dados do Procon, nos últimos 12 meses, os três produtos que mais subiram foram o café em pó (alta de 95,6%), a batata (70%) e o pacote de biscoito água e sal (48,8%).

Itens da cesta básica, divulgados pelo Procon-SP e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), foram usados como referência para o aumento dos preços dos alimentos e das bebidas ao longo de três anos. Entre os alimentos, há 13 produtos (arroz, feijão, café, ovo, carne, frango, leite, batata, pão francês, açúcar, óleo, farinha e margarina). Nos produtos de higiene, estão papel higiênico e creme dental. Em limpeza, fazem parte sabão em pó e limpador multiuso

Em maio de 2020, para encher o carrinho com esses itens, o consumidor precisava de R$ 138,82. Já em maio de 2022, era necessário gastar R$ 202,77, ou seja, valor 46% maior, quebrando os orçamentos de muitas famílias brasileiras.

Excesso ou escassez na oferta ou demanda, preços de commodities, variações do câmbio, formação de estoques e desoneração de tributos, além de questões sazonais e climáticas estão entre os principais motivos para as variações dos preços dos produtos da cesta básica ao longo dos últimos três anos, na avaliação do Procon de São Paulo.

Aumentar Selic não faz sentido, diz economista do ICL

preços dos alimentos

Evolução do IBC-Br / Fonte: ICL Notícias

Segundo a economista do ICL Deborah Magagna, durante sua participação na edição do ICL Notícias desta segunda-feira, no YouTube, o aumento da taxa básica de juros, neste momento de alta da inflação, é um contrassenso, principalmente se considerado que o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), tido como um indicador prévio de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), teve queda de 0,44% em abril na base mensal depois de um avanço de 1,09% em março ante fevereiro. O IBC-Br foi divulgado na última quinta-feira (7).

O preço da cebola, por exemplo, que de abril para maio teve uma alta de 31%, foi afetado pelos baixos estoques de cebola em Santa Catarina e o clima desfavorável para colheita e comercialização dos bulbos no Nordeste.

Outro aumento sentido pelo consumidor foi o da salsicha, que em abril custava, em média, R$ 13,11, e passou para R$ 13,94 em maio. O principal insumo da salsicha é a carne suína, cujo preço esteve elevado como consequência do aquecimento nas exportações e da procura interna por carne mais barata.

Redação ICL Economia
Com informações do ICL Notícias e das agências de notícias

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