Com expansão menor, prévia do PIB registra alta de 0,57% no segundo trimestre, apontando desaceleração da economia. Mercado revisa inflação para cima em 2023 e 2024

Em artigo, economistas do ICL já apontavam que a melhora das revisões do mercado financeiro mostram um otimismo exagerado a respeito dos indicadores econômicos
15 de agosto de 2022

O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica) registrou alta de 0,57% no segundo trimestre, apontando uma desaceleração da economia brasileira, ocasionada pela alta de inflação no período. Em junho, o indicador, que é considerado uma espécie de prévia do PIB (Produto Interno Bruto), registrou crescimento de 0,69%, interrompendo uma sequência de dois meses de queda. No acumulado de 12 meses até julho, o IBC-Br acumula alta de 2,18% (sem ajuste sazonal).

Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (15) pelo Banco Central, que também divulgou o relatório Focus, que mostra revisão para baixo da inflação para este ano, mas sobe as projeções para o ano que vem.

A divulgação oficial do PIB ocorrerá em 1º de setembro, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De acordo com o Banco Central, o IBC-Br caiu pela metade em relação ao primeiro trimestre deste ano, quando foi apontado crescimento de 1,11%.

A desaceleração apontada pelo IBC-Br já era esperada pelo mercado, diante do aumento da inflação, que acumula alta de 10% no período de 12 meses encerrados em julho.

Para controlar a inflação, a autoridade monetária tem subido a taxa básica de juros, que está em 13,75% ao ano, um dos maiores patamares dos últimos anos.

No primeiro trimestre, o PIB registrou crescimento de 1%, impulsionado pelo setor de serviços, segundo dados do IBGE. Foi o terceiro resultado positivo seguido, após o recuo no segundo trimestre de 2021.

Já no primeiro semestre deste ano, a economia brasileira registrou expansão de 2,24% (sem ajuste sazonal).

Mercado financeiro revisa inflação para baixo este ano, mas prevê economia mais inflacionada em 2023

O mercado financeiro revisou para baixo a inflação de 2022, mas projeta aumento do indicador para o ano que vem, de acordo com o relatório Focus, do Banco Central, divulgado hoje. O documento é feito com base nas projeções de cem instituições financeiras consultadas.

Para este ano, a inflação oficial medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2022 caiu de 7,11% para 7,02% em uma semana. No entanto, para 2023, as projeções passaram de 5,36% para 5,38%, e a de 2024, de 3,30% para 3,41%. Há um mês, as previsões eram de 7,54%, 5,20% e 3,30%, respectivamente.

Esta é a sétima previsão seguida de queda na inflação deste ano e a 18ª de alta para o próximo. Já a elevação para a de 2024 indica uma desancoragem de expectativas do mercado em relação à meta do Banco Central.

Em artigo, os economistas do ICL Déborah Magagna e André Campedelli já haviam alertado que, assim como tem feito governo e equipe econômica, o otimismo do mercado financeiro sobre os dados econômicos está exagerado e descolado da realidade.

“Um dos fatos que têm ocorrido nos últimos meses é a melhora do humor do mercado financeiro em relação aos resultados econômicos deste ano. O relatório Focus, que mede justamente a perspectiva da Faria Lima sobre o futuro do país, vem elevando a previsão de crescimento do PIB semana após semana, ao mesmo tempo em que reduz a expectativa inflacionária de 2022. Está sendo estimada, portanto, uma economia com crescimento acelerado no segundo semestre ao mesmo tempo em que se espera uma inflação muito baixa nos últimos seis meses do ano”, avaliam.

Ainda, os economistas dizem que “as perspectivas estão muito bem alinhadas com o que foi projetado tanto pelo Banco Central, em seu Relatório Trimestral de Inflação, quanto pelo Boletim Macrofiscal do Ministério da Economia. Em ambos os casos, houve previsão de uma inflação que deve chegar próximo de 7,5%, e não passar disso, além de uma economia com potencial para chegar a até 2% de crescimento do PIB. Parece que o entusiasmo com a política econômica do final do governo Bolsonaro/Guedes chegou de vez no condado da Faria Lima”, observam.

A projeção do mercado para o IPCA para este e para o próximo ano, conforme o relatório Focus divulgado hoje, está fora da meta do BC, que é de 3,5% para 2022 e de 3,25% para 2023, com tolerância de 1,5 ponto percentual. Se a previsão se concretizar, será o terceiro ano consecutivo que o BC não cumpre a meta. No ano passado, o índice oficial de inflação do Brasil fechou o ano em 10,06%.

Além disso, o mercado também prevê um IPCA acima do centro da meta em 2024, pois a meta é de 3%, também com margem de 1,5 ponto porcentual. Isso significa que a meta será cumprida se ficar entre 1,5% e 4,5%.

Vale lembrar que as projeções do mercado são diferentes daquelas projetadas pelo Banco Central, que estima uma inflação de 6,8% em 2022, 4,6% em 2023 e 2,7% para 2024.

Isso significa que, a exemplo da equipe econômica, o BC também acredita numa inflação mais otimista e dentro da meta, descolada, portanto, do que enxerga o mercado.

Em relação ao PIB, o mercado projeto um crescimento de 1,98% para 2,00% neste ano, de 0,40% para 0,41% no próximo e de 1,70% para 1,80% em 2024, segundo o relatório Focus.

Por outro lado, as estimativas para a Selic são de 13,75% no fim de 2022, 11% no fim de 2023 e 8,00% no fim de 2024, em linha com as projeções do BC. Já para o dólar, as instituições financeiras consultadas pelo BC mantiveram as previsões para dezembro de 2022, 2023 e 2024 em R$ 5,20, R$ 5,10 e R$ 5,10, respectivamente, pela terceira semana seguida.

Para entender

Embora seja considerado uma espécie de prévia do PIB, o cálculo do IBC-Br e do PIB é feito de modo diferente. Enquanto o indicador do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos, ele não considera o lado da demanda (incorporado no cálculo do PIB do IBGE).

O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo Banco Central para definir a taxa básica de juros do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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