A ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, divulgada nesta manhã de terça-feira (26), descarta a aumento do ritmo de corte na taxa básica de juros (Selic) nas próximas reuniões, a menos que a economia apresente dados surpreendentemente positivos que levariam a um processo desinflacionário.
O documento traz mais detalhes a respeito da última reunião da autoridade monetária, realizada nos dias 19 e 20 de setembro, na qual o Copom anunciou o segundo corte consecutivo de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, para 12,75% ao ano.
O ritmo do corte foi considerado pelos diretores do BC como apropriado nas próximas reuniões para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.
“Tal ritmo conjuga, de um lado, o firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária e, de outro, o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência”, diz trecho da ata.
O documento ainda traz uma avaliação de que não há evidência de que esteja em curso um aperto além do que seria necessário para a convergência da inflação para a meta e que o cenário ainda inspira cautela, reforçando a visão de serenidade e moderação que o comitê tem expressado.
No Boletim Focus do Banco Central divulgado ontem (25), economistas do mercado financeiro mantiveram em 11,75% as estimativas para a taxa básica de juros da economia brasileira para o final deste ano. Para 2024, a projeção é de que o indicador encerre o ano em 9%.
Ata do Copom reforça preocupações com a inflação no ano
Em relação à inflação, o Copom considera que, após apresentar reancoragem parcial, o indicador segue sendo um fator de preocupação. “O Comitê seguiu avaliando que, entre as possibilidades que justificariam observarmos expectativas de inflação acima da meta estariam as preocupações no âmbito fiscal, receios com a desinflação global e a possível percepção, por parte de analistas, de que o Copom, ao longo do tempo, poderia se tornar mais leniente no combate à inflação”, diz trecho do texto.
“Desse modo, o comitê avalia que a redução das expectativas virá por meio de uma atuação firme, em consonância com o objetivo de fortalecer a credibilidade e a reputação tanto das instituições como dos arcabouços econômicos.”
No mesmo Boletim Focus, o mercado prevê que a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deve encerrar o ano em 4,86%, acima, portanto, do teto da meta definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), de 3,25% este ano, podendo oscilar em 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Para 2024, os analistas também mantiveram em 3,86% sua estimativa para a inflação do próximo ano, quando a meta de inflação projetada é de 3%.
Na ata, o colegiado ainda reforça que parte da incerteza observada nos mercados, com elevação de prêmios de risco e da inflação implícita, estava anteriormente mais em torno do desenho final do arcabouço fiscal e atualmente se refere mais à execução das medidas de receita e despesas compatíveis com o arcabouço e o atingimento das metas fiscais.
“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas.”
Além disso, o Copom reforçou na ata a preocupação com o mercado externo, destacando que, entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se uma maior persistência das pressões inflacionárias globais e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado.
Por outro lado, entre os riscos de baixa foram destacadas a desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
O colegiado também destacou como preocupações a elevação das taxas de juros de longo prazo dos Estados Unidos e a perspectiva de menor crescimento na China.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias