A super quarta é conhecida pelo mercado como o dia em que saem as decisões de política monetária tanto nos EUA como no Brasil. Isso vai ocorrer hoje (quarta, 15) e tem gerado grande expectativa entre os investidores.
Nos EUA, o mercado está apostando que o Fed (Federal Reserve) anunciará um aumento de 0,75 ponto percentual (ou 75 pontos-base) nos juros. Esse valor seria o maior desde novembro de 1994. A decisão anunciado às15h (horário de Brasília).
O alto índice de inflação ao consumidor dos EUA em maio, divulgado no último dia 10, e que apresentou alta de 1% na base mensal e de 8,6% na comparação com maio de 2021, é o grande fator para as estimativas de aumento da taxa de juros ficar em 0,75%.
Autoridades do Fed disseram que gostariam de responder agressivamente aos sinais de que as expectativas de inflação estavam subindo, ou se “desancorando”, porque acreditam que o processo de arrancar a inflação da economia vai se tornar muito mais difícil se isso acontecer.
Eduardo Moreira, economista e fundador do ICL, explica que nos EUA, tão importante quanto a taxa de juros que será anunciada, é o que “o Fed irá escrever sobre como vê a situação da economia e o que se espera para suas próximas reuniões”. Esta análise irá “ditar” o comportamento futuro do mercado. O país vive a maior inflação em cinco décadas.
Decisões sobre política monetária devem impactar ativos de risco
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne hoje para definir a taxa básica de juros (Selic) da economia brasileira. A expectativa da maior parte dos economistas é que a Selic seja elevada em 0,5 ponto percentual, passando dos atuais 12,75% para 13,25% ao ano. A decisão deve ser anunciada após as 18h.
Caso confirmado este índice, será o décimo primeiro aumento seguido do juro, o que levará a taxa ao maior patamar desde dezembro de 2016, quando estava em 13,75% ao ano.
O economista Eduardo Moreira explica que a expectativa no Brasil de 0,5% de alta indica o fechamento de ciclo de aumento de taxa de juros “ou uma tentativa de fechamento deste aperto, que veio de 2% e hoje já está em 12,75%”.
Na relação das altas de juros do EUA e Brasil, Moreira enfatiza que, se confirmada a alta de 0,75% pelo Fed, isso terá impactos. Um desses impactos é que os investidores em ativos de risco em países emergentes, por exemplo, passam a ter uma outra opção que paga juros maiores e lhes dá mais segurança. Isso faz com que o dinheiro saia dos países emergentes, como o Brasil, e vá para os EUA.
“O Brasil passa a ser menos interessante para os especuladores, os chamados rentistas, que vivem só de renda. O impacto é na moeda do país. Este é o principal motivo de o dólar estar subindo, depois de ter caído bastante”, diz Moreira.
Outro impacto da alta de juros é nos ativos digitais, as criptomoedas. Para Moreira, as criptos são ativos, em sua maioria, que não têm lastro algum, ou o lastro é muito frágil, e o seu valor vinha quase que exclusivamente de uma demanda grande, funcionando com a mesma lógica de uma pirâmide financeira, quando o valor vem de novos investidores querendo comprar. “Agora, ficando mais caro pegar dinheiro no mercado, por causa das taxas de juros, e tendo uma outra opção para obter uma rentabilidade sem risco, os investidores retiram o dinheiro das criptos e a porta de saída é pequena para tanta gente que entrou esperando se dar bem”, argumenta o economista.
Os bancos centrais usam a alta das taxas de juros com com o objetivo de conter o aumento da inflação. No Brasil, o IPCA — a inflação oficial do país — ficou em 0,47% em maio e acumula um aumento de 11,73% em doze meses.
Redação ICL Economia
Com informações das agências