A inflação em 2022 foi um dos principais problemas da economia brasileira, com destaque, principalmente, no primeiro semestre do ano. Naquele momento, o preço dos combustíveis foi o que mais pressionou a inflação ao lado da alta dos alimentos. Com medidas que buscavam reduzir o valor dos combustíveis veiculares na bomba, passou a ocorrer um processo de deflação, que melhorou os índices no segundo semestre, fazendo o indicador terminar de forma mais amena no ano. Os dados da inflação, pesquisados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) até novembro de 2022, foram compilados e analisados pelos economistas do ICL Deborah Magagna e André Campedelli, no “Economia Para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas e Atualização do Mercado”.
Mesmo assim, a expectativa é que o ano termine com o indicador acima acima do teto da meta. O período de alta mais considerável ocorreu entre fevereiro e abril, com ajustes mensais acima de 1%, seguida por algumas baixas e um movimento deflacionário de três meses, entre julho e setembro com a redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para a gasolina e similares. “Nos últimos meses dos anos, voltamos a ver a inflação subir, puxada principalmente por combustíveis e alimentos”, dizem os economistas no boletim.
O primeiro semestre foi de aceleração da inflação no acumulado em 12 meses de maneira consecutiva até abril de 2022, chegando a 12,13%. Segundo Deborah e André, os dois dígitos deixaram de acontecer em agosto, quando, devido ao período deflacionário registrado, o acumulado chegou a 8,73%.
“A partir de então, o acumulado em 12 meses passou a se reduzir constantemente, uma vez que, mesmo quando ocorreram meses com inflação, as altas foram menores do que as observadas no mesmo período do ano anterior. Atualmente temos uma inflação acumulada de 5,9% e com uma projeção de encerramento do ano próximo ao observado, ou seja, acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central. Diante do cenário, pelo segundo ano consecutivo, o presidente da entidade deverá se explicar novamente pela situação” pontuaram os dois.
Inflação em 2022 teve como destaque negativo o aumento dos bens alimentícios, que tiveram as maiores altas em 12 meses
De acordo com Deborah e André, o acumulado em 12 meses dos bens alimentícios ficou em destaque como ponto negativo da inflação, das maiores altas ao longo do ano. “Somente o tomate apresentou deflação no período, de 2%. Os demais, amplamente discutidos, apresentaram altas consideráveis”, dizem.
O feijão carioca, por exemplo, subiu 19%, enquanto a farinha de trigo teve alta de 33,3%. A batata aumentou 49,3%; a cebola, 120,11%; a cenoura, 5,7%; as hortaliças, 13,7%; as frutas, 26%; as aves e ovos, 7,7%; o leite, 31,2%; o pão francês, 17,5%; e o café 13,8%. “Isso mostra o efeito elevado que o preço dos alimentos teve sobre o bolso dos brasileiros ao longo de 2022”, pontuam os economistas.
Os combustíveis foram o grande vilão no começo do ano, porém, passaram a pressionar negativamente a inflação no segundo semestre, em consequência das medidas eleitoreiras do ex-presidente Jair Bolsonaro, que desonerou os combustíveis de tributos federais e baixou o ICMS dos estados também para forçar a redução. Com isso, houve quedas consideráveis em alguns itens no acumulado do ano, como no caso do etanol, que caiu 25,8%, da gasolina, com recuo de 25%, e da energia elétrica, que reduziu 19,2%.
“Mesmo assim, ainda ocorreram altas consideradas em alguns itens, como o gás de botijão, que se elevou 6,9%, o gás encanado, 12,5%, o óleo diesel, 25,5%, e o gás veicular, 10,75%”, dizem os especialistas.
Sendo assim, conforme avaliação dos especialistas, a queda do ICMS acabou ficando mais concentrada nos combustíveis veiculares mais utilizados pela classe média, como o diesel e a gasolina. Já em relação à energia elétrica, a situação positiva dos reservatórios também ajudou a explicar a queda do preço.
Para este começo de ano, o novo governo prorrogou por 60 dias a desoneração dos impostos federais sobre os combustíveis, mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que uma política alternativa será elabora. Mas, segundo os economistas, deve haver alguma pressão inflacionária.
No que se refere ao ICMS dos estados, o fim da medida é necessário para recuperar as finanças de estados e municípios, que perderam muitos recursos, o que afetou serviços públicos essenciais, como saúde e educação.
Logo, o começo do ano deve ser difícil para o controle inflacionário como consequência do pacote eleitoreiro de Bolsonaro para tentar ganhar a eleição.
Redação ICL Economia
Com informações do Economia Para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas e Atualização do Mercado