Balanço econômico de 2022 resume legado ruim deixado pela dupla Bolsonaro-Guedes ao Brasil

Inflação, dólar e juros altos, queda na renda, emprego precarizado. Dados mostram que brasileiro, principalmente o mais pobre, não teve trégua este ano
26 de dezembro de 2022

A poucos dias da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma sensação de alívio vem tomando conta dos brasileiros que rejeitaram o projeto de país do atual mandatário. Ainda que tanto Jair Bolsonaro quanto Paulo Guedes (Economia) tentassem vender, ao longo desses anos, a ideia de que tudo ia bem com a economia brasileira, o balanço econômico desses quatro anos é o pior possível. Ok, ok, houve, sim, a pior crise sanitária em cem anos, mas as decisões (ou a falta delas) equivocadas criaram uma situação única no Brasil: o governo de transição teve que começar a trabalhar antes mesmo da posse de Lula, pois Bolsonaro abandonou o país à própria sorte assim que saiu o resultado das urnas.

Neste ano de 2022, todas as medidas eleitoreiras tomadas por Bolsonaro para tentar se reeleger mostraram resultados apenas no curto prazo. Pouco depois, a conta começou a chegar. Uma das provas foi o resultado do PIB do terceiro trimestre, que cresceu apenas 0,4%, quando o mercado esperava um crescimento de ao menos 0,7%.

De acordo com reportagem do portal de notícias G1, ao mesmo tempo em que registrou recorde nas contas públicas, o país também somou juros em disparada. O desemprego caiu, mas junto também foi o rendimento do trabalhador. Sem esquecer, que com a renda miguada e a inflação alta, o brasileiro perdeu o poder de compra.

Como resume a reportagem, mesmo os números da economia que melhoraram em 2022 não foram suficientes para trazer alívio à população, especialmente a de renda mais baixa.

O pacotaço eleitoreiro de Bolsonaro trouxe ainda outro agravante: o bloqueio de recursos de áreas estratégicas no Orçamento de 2022, como saúde e educação. Agora, no apagar das luzes, o governo começou a desbloquear parte desse dinheiro para conseguir pagar as contas.

Como avaliou o economista do ICL André Campedelli, a forma desleixada como os gastos fiscais foram realizados pela equipe de Paulo Guedes, ministro da Economia, com o objetivo de melhorar o panorama econômico para ajudar Bolsonaro a se reeleger, agora cobra o seu preço.

Balanço econômico de 2022 mostra o retorno de velhos problemas com roupagem diferente

De acordo com a reportagem do G1, em 2022, o Brasil retomou sua trajetória de crescimento econômico em voo de galinha (saltos baixos e curtos), viu a inflação voltar a assustar e o emprego crescer de forma precária. No mundo, a situação também não foi diferente. Vimos as principais economias serem forçadas a aumentar os juros para controlar a inflação galopante, como consequência principalmente da pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia.

Já no Brasil, sentimos a disparada da inflação, com preços dos combustíveis e dos alimentos nas alturas. Em abril, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) atingiu 12,13%, a maior taxa para um período de 12 meses desde 2003. No segundo semestre, o Brasil registrou deflação por três períodos seguidos graças ao pacote eleitoreiro de Bolsonaro para forçar a redução dos preços dos combustíveis e, consequentemente, da inflação.

No entanto, a alegria durou pouco. Na última sondagem divulgada, o IPCA-15, considerado a prévia da inflação, apresentou alta de 0,52% em dezembro, e fechou o ano de 2022 com variação acumulada de 5,90%, puxado principalmente pelos preços dos transportes e alimentos. Em 2021, a prévia da inflação havia sido de 10,42%, a maior para um ano desde 2015.

A propósito, comer nunca custou tanto como neste ano (a não ser na época da hiperinflação), principalmente para os mais vulneráveis, que usam os R$ 600 do Auxílio Brasil basicamente para comprar comida, pagar dívidas e comprar remédio, conforme apontou pesquisa Datafolha.

Outra marca deste ano foram os juros altos. A Selic começou 2022 bem acima dos 2% registrados dois anos antes, chegando aos atuais 13,75% em pouco tempo, a maior taxa desde 2016 e o segundo maior juro real do mundo. O Banco Central sobe os juros para controlar a inflação, mas com a contrapartida de encarecer o crédito, reduzir o consumo, o investimento e o crescimento da economia.

O dólar também foi protagonista em 2022. Depois de assustar e bater os R$ 6 em 2021, a moeda entrou o ano em trajetória de queda, e chegou a cair a R$ 4,60 em abril. Porém, a disparada da inflação em todo o mundo fez a cotação voltar a subir, acompanhando a alta de juros no exterior.

Pela primeira vez em décadas, vimos a paridade do dólar com o euro e, também, a libra esterlina desvalorizar-se perto da moeda americana.

O PIB (Produto Interno Bruto), por sua vez, começou forte em 2022, mas comparativamente a uma base muito fraca. Ao longo do ano, o crescimento econômico foi perdendo força e, conforme projeta o mercado no último Boletim Focus do ano divulgado nesta segunda-feira (26), deve encerrar 2022 em 3,04%.

Em relação ao mercado de trabalho, embora os dados mostrem queda no desemprego, a qualidade do trabalho tem se mostrado muito ruim. No trimestre encerrado em outubro, quatro em cada dez trabalhadores eram informais (quase 40 milhões de pessoas).

Um estudo da LCA Consultores, divulgado recentemente, mostrava que cerca de 70% dos trabalhadores brasileiros (cerca de 65 milhões de pessoas) ganhavam até dois salários mínimos no terceiro trimestre deste ano (R$ 2.424/mês). A maioria, no entanto, estava na faixa de quem ganhava apenas um salário mínimo.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do portal de notícias G1 

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