Depois do fechamento do mercado financeiro, no início da noite desta quarta-feira (2), o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central anunciará sua decisão sobre a taxa Selic. O patamar atual de 13,75% ao ano da taxa básica de juros brasileira é mantido desde agosto do ano passado, a despeito de toda a pressão do governo Lula, de empresários, representantes de sindicatos e economistas para que a autoridade monetária baixasse os juros, diante de todos os indicadores favoráveis para a redução.
Há um consenso no mercado de que o Copom vai iniciar o ciclo de queda da Selic hoje. A dúvida é sobre o tamanho do corte. Uma ala do mercado acredita em uma redução mais parcimoniosa, de 0,25 ponto percentual, enquanto outra, na qual está o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vê espaço para uma queda maior.
Nesta manhã de quarta-feira, Haddad aumentou o nível de pressão ao dizer que há gente no mercado esperando até mesmo um corte de 0,75 p.p. O ministro foi categórico ao dizer que a redução da Selic “certamente vai começar a acontecer hoje”.
“Temos um espaço para queda importante da taxa básica de juros”, disse em entrevista concedida ao vivo para o programa Bom Dia, Ministro, da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).
Segundo ele, com cortes da Selic, também haverá “diminuição dos juros futuros”. Assim, as “empresas vão captar mais barato, e isso vai chegar ao consumidor”.
A reunião, que começou ontem (1º) e termina hoje, também traz como elemento novo as participações de Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e ex-número 2 da Fazenda, e Ailton Aquino, de Fiscalização, os primeiros indicados do governo Lula para integrarem a diretoria do BC.
As indicações dos dois são um contraponto à figura do presidente do BC, Roberto Campos Neto, com quem Lula vem empreendendo uma queda de braços devido ao seu posicionamento insistente de não reduzir os juros, o que traz implicações para o crescimento da economia brasileira.
Se corte da taxa Selic for confirmado hoje, será o primeiro realizado em três anos
Caso o Copom confirme o corte na Selic, será o primeiro em três anos. A última queda aconteceu em agosto de 2020, em meio à fase mais aguda da pandemia da Covid-19, quando a taxa Selic caiu de 2,5% para 2% ao ano (o nível mais baixo da história).
A expectativa da maior parte do mercado financeiro, em pesquisa realizada pelo próprio BC com mais de 100 bancos na semana passada, é de um corte de 0,25 ponto percentual, para 13,50% ao ano.
O último Boletim Focus do BC, as mais de cem instituições financeiras entrevistadas para a publicadas projetam que a Selic estará em 12% no fim deste ano.
Para mentar a taxa Selic no atual patamar, Campos Neto argumenta que a manutenção do indicador nesse nível foi importante para conter a inflação.
Em maio, a inflação oficial desacelerou para 0,23% de alta. E, em junho, foi registrada deflação, ou seja, queda de preços, de 0,08%.
Entre as consequências da queda da Selic para a economia estão redução de taxas bancárias; maior nível de atividade, uma vez que juros menores destravam o crédito e, consequentemente, atividade econômica e consumo da população; melhora dos investimentos produtivos, impactando positivamente no PIB (Produto Interno Bruto), o emprego e a renda; e melhora das contas públicas, devido à redução dos juros.
Em 2022, a despesa com juros da dívida somou R$ 586 bilhões. Na porcentagem do PIB (5,96%), foi o maior patamar desde 2017.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do G1