Copom decide, hoje (2), a dose da queda (ou não) da taxa Selic. Haddad diz que ‘há gente do mercado esperando corte de 0,75 p.p.’

No programa "Bom Dia, Ministro", da EBC, Haddad foi categórico ao dizer que a redução da Selic “certamente vai começar a acontecer hoje”.
2 de agosto de 2023

Depois do fechamento do mercado financeiro, no início da noite desta quarta-feira (2), o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central anunciará sua decisão sobre a taxa Selic. O patamar atual de 13,75% ao ano da taxa básica de juros brasileira é mantido desde agosto do ano passado, a despeito de toda a pressão do governo Lula, de empresários, representantes de sindicatos e economistas para que a autoridade monetária baixasse os juros, diante de todos os indicadores favoráveis para a redução.

Há um consenso no mercado de que o Copom vai iniciar o ciclo de queda da Selic hoje. A dúvida é sobre o tamanho do corte. Uma ala do mercado acredita em uma redução mais parcimoniosa, de 0,25 ponto percentual, enquanto outra, na qual está o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vê espaço para uma queda maior.

Nesta manhã de quarta-feira, Haddad aumentou o nível de pressão ao dizer que há gente no mercado esperando até mesmo um corte de 0,75 p.p. O ministro foi categórico ao dizer que a redução da Selic “certamente vai começar a acontecer hoje”.

“Temos um espaço para queda importante da taxa básica de juros”, disse em entrevista concedida ao vivo para o programa Bom Dia, Ministro, da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).

Segundo ele, com cortes da Selic, também haverá “diminuição dos juros futuros”. Assim, as “empresas vão captar mais barato, e isso vai chegar ao consumidor”.

A reunião, que começou ontem (1º) e termina hoje, também traz como elemento novo as participações de Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e ex-número 2 da Fazenda, e Ailton Aquino, de Fiscalização, os primeiros indicados do governo Lula para integrarem a diretoria do BC.

As indicações dos dois são um contraponto à figura do presidente do BC, Roberto Campos Neto, com quem Lula vem empreendendo uma queda de braços devido ao seu posicionamento insistente de não reduzir os juros, o que traz implicações para o crescimento da economia brasileira.

Se corte da taxa Selic for confirmado hoje, será o primeiro realizado em três anos

Caso o Copom confirme o corte na Selic, será o primeiro em três anos. A última queda aconteceu em agosto de 2020, em meio à fase mais aguda da pandemia da Covid-19, quando a taxa Selic caiu de 2,5% para 2% ao ano (o nível mais baixo da história).

A expectativa da maior parte do mercado financeiro, em pesquisa realizada pelo próprio BC com mais de 100 bancos na semana passada, é de um corte de 0,25 ponto percentual, para 13,50% ao ano.

O último Boletim Focus do BC, as mais de cem instituições financeiras entrevistadas para a publicadas projetam que a Selic estará em 12% no fim deste ano.

Para mentar a taxa Selic no atual patamar, Campos Neto argumenta que a manutenção do indicador nesse nível foi importante para conter a inflação.

Em maio, a inflação oficial desacelerou para 0,23% de alta. E, em junho, foi registrada deflação, ou seja, queda de preços, de 0,08%.

Entre as consequências da queda da Selic para a economia estão redução de taxas bancárias; maior nível de atividade, uma vez que juros menores destravam o crédito e, consequentemente, atividade econômica e consumo da população; melhora dos investimentos produtivos, impactando positivamente no PIB (Produto Interno Bruto), o emprego e a renda; e melhora das contas públicas, devido à redução dos juros.

Em 2022, a despesa com juros da dívida somou R$ 586 bilhões. Na porcentagem do PIB (5,96%), foi o maior patamar desde 2017.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do G1

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