Logo após a divulgação do resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que os dados confirmam as projeções da pasta de que a economia brasileira terá crescimento acima de 2% este ano. Esse resultado, somado à desaceleração da inflação e dos juros futuros do mercado, abre uma janela de oportunidade, segundo Haddad, para a redução da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano.
“Estamos há algum tempo dizendo que o crescimento deste ano vai bater 2%, confirmando a projeção da SPE [Secretaria de Política Econômica], mas devemos ter cautela porque o agro veio muito forte. Então temos de começar a pensar em 2024. Para manter a economia gerando emprego, a gente precisa ter cuidado com 2024 e ter clareza que temos oportunidade muito boa, de inflação caindo, juro futuro caindo, o que abre janela de oportunidade importante para a política monetária”, disse Haddad.
Ainda segundo Haddad, a equipe econômica continuará focando no “esforço fiscal” no sentido de melhorar as contas públicas, para garantir os resultados do novo arcabouço fiscal, que tramita no Congresso.
“Então tudo isso vai se combinando virtuosamente para que possamos entrar em um ciclo de desenvolvimento sustentado”, disse o ministro, que almoçou ontem (1º) com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Fernando Haddad comentou que, em conversa com Campos Neto, abordou o tema das metas de inflação
Agora em julho, o CMN (Conselho Monetário Nacional), formado pelas pastas da Fazenda e do Planejamento e Orçamento, além do Banco Central, vão se reunir para definir a próxima meta de inflação. Além disso, mudanças no regime de metas de inflação podem estar na pauta do encontro.
De modo bastante discreto, Haddad disse que conversou com Campos Neto no almoço sobre a “oportunidade de resolver este mês essa questão” das metas de inflação. O presidente do BC tem justificado a manutenção da Selic no atual patamar devido à meta de inflação estipulada, que este ano é de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
O ministro da Fazenda vem defendendo publicamente um aperfeiçoamento do regime de metas de inflação, que seja desvinculado do ano-calendário para metas contínuas de longo prazo, com calibragem mensal, que seriam menos suscetíveis a volatilidades no entendimento dele.
Sobre a Selic, especificamente, que tem sido alvo de fortes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Haddad disse que sua opinião sobre o assunto já é conhecida, e que tem procurado manter uma postura de diálogo com o Banco Central.
“Mantemos o dialogo permanente com o BC. Agora mesmo vim de um almoço com o Roberto Campos, conversamos longamente sobre o cenário econômico de 2023, 2024 e 2025. Estamos trocando impressões o tempo todo, técnicas, minha equipe e a dele, para que possamos convergir cada vez mais os propósitos do BC e da Fazenda na mesma direção”, limitou-se a dizer.
Sobre o corte de juros, Haddad disse que Campos Neto não pode dar uma sinalização sobre as decisões, pois elas são tomadas em colegiado (pela diretoria do BC). “Ele é um membro. Embora seja o presidente, ele é um voto em nove. E tem todo um protocolo que tem de ser respeitado. Ele não pode antecipar nem pra mim nem pra ninguém”, declarou.
A próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central ocorrerá nos dias 20 e 21 de junho, quando será definida a manutenção da Selic no atual patamar ou o início de um possível ciclo de cortes.
Já a reunião do CMN está marcada para 29 de junho, ou seja, uma semana depois da reunião do Copom. A meta de inflação de 2026 tem de ser fixada até o final deste mês pelo colegiado,. As metas de 2024 e de 2025, já determinadas, também podem ser alteradas.
Para uma mudança no sistema de metas, é preciso propor uma alteração no Decreto 3.088, de 21 de junho de 1999, que estabeleceu o regime de metas de inflação, ou seja, não depende somente do CMN. É esse decreto que estipula que o colegiado fixe, até 30 de junho, a meta de inflação de três anos para frente.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias