Horas antes do início da reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, marcada para as 18h de ontem (8), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o principal tema a ser tratado seria a regulamentação da reforma tributária sobre o consumo, aprovada pelo Congresso no ano passado.
De acordo com o ministro, existem pontos sensíveis na discussão sobre os quais o chefe do Executivo deve ter conhecimento.
Mais cedo, Haddad havia se reunido com o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e outras lideranças da Casa. A partir do encontro, ficou definido que o governo deve enviar na próxima semana ao Congresso dois projetos de lei que regulamentam pontos da reforma aprovada (Emenda Constitucional 132).
“Nos comprometemos, aqui, a encaminhar semana que vem complementação da reforma tributária. Ela já está fechada na Fazenda, mas há uma tramitação a ser feita na Casa Civil. Vai chegar ao presidente da República, que passará a mensagem. Temos compromisso de que, na semana que vem, ela chega ao Congresso. Discutimos a possibilidade de serem dois projetos de lei complementar, para dar conta de todo o arcabouço que regulamenta a emenda constitucional”, disse Haddad.
A emenda da reforma tributária aprovada prevê a regulamentação das normas por leis complementares, para definir a aplicação de alguns dos dispositivos. Entre eles estão as alíquotas do novo IVA (Imposto sobre Valor Agregado), além da tributação reduzida ou ampliada, de acordo com as diretrizes da reforma tributária.
De acordo com Padilha, há uma discussão sobre quatro eixos da regulamentação: o IVA e os impostos seletivos para atividades econômicas nocivas à saúde e ao meio ambiente, que entrariam em um dos projetos, e o Fundo de Desenvolvimento Regional e a governança, com regras sobre o conselho interfederativo formado por representantes de estados e municípios, que fariam parte de um segundo texto
“Nesta semana, o ministro da Fazenda está se dedicando pessoalmente a isso. Vamos consultar os líderes com a expectativa de que a gente possa encaminhar na próxima semana e aí trabalhar [no Congresso]. Os textos entram pela Câmara, e [o objetivo] é trabalhar para que a gente possa ter as nomeações o mais rapidamente possível dos relatores”, afirmou o ministro Padilha.
Haddad também disse que o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, sugeriu a ele que apresentasse os princípios da reforma tributária aos magistrados da Corte. Segundo Haddad, quanto mais cedo os tribunais tiverem “juízo” sobre o tema, menos litígio será enfrentado pelo Judiciário brasileiro.
Além da regulamentação da reforma tributária, Congresso fará esforço para votar agenda econômica prioritária
De acordo com Rodrigo Pacheco, a intenção é de que o Senado trabalhe intensamente no mês de abril para aprovar projetos da agenda econômica do governo e da pauta verde.
“Há uma série de projetos aos quais nós vamos dar andamento nas comissões e há um compromisso do Senado com o governo para obtermos a aprovação desses projetos no decorrer do mês de abril. Então eu espero que seja um mês bastante produtivo, de realizações efetivas, que é o que a sociedade espera de nós: muito trabalho”, disse o presidente do Senado.
Além da reforma tributária, da desoneração da folha para os municípios e das dívidas dos estados, Pacheco citou como prioridades as seguintes proposições:
- PL 528/2020, dos “combustíveis do futuro”, que cria programas nacionais de diesel verde, de combustível sustentável para aviação e de biometano, além de aumentar a mistura de etanol e de biodiesel à gasolina e ao diesel.
- PL 412/2022, que regula o mercado de carbono, com a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE).
- PL 2/2024), da depreciação acelerada de máquinas e equipamentos, para que, na aquisição de um bem de capital, a indústria possa abater seu valor nas declarações futuras de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
- PL 3/2024, de reformulação da chamada Lei de Falências, que simplifica e traz maior segurança jurídica nos casos de falência e aumenta o poder decisório dos credores no processo.
- PL 81/2024, que viabiliza a isenção do Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF) para quem recebe até dois salários mínimos (R$ 2.842,00) por mês.
- PLC 29/2017, que consolida em um único texto várias normas referentes aos seguros privados.
Pacheco também informou a convocação de uma sessão do Congresso Nacional para o dia 18 de abril. Entre as pendências estão os vetos que terão de ser analisados pelas duas Casas para abrir caminho à reorganização do Orçamento federal. Os vetos haviam sido citados como prioridade pelo líder do Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), na abertura dos trabalhos legislativos, em fevereiro.
Um dos vetos citados, pendentes de apreciação, reduziu o orçamento das emendas parlamentares de comissão. O projeto que deu origem à Lei Orçamentária Anual (LOA) previa R$ 16,6 bilhões oriundos de emendas das comissões permanentes no Congresso. Ao sancionar o texto, o governo vetou um total de R$ 5,6 bilhões que seriam destinados às emendas de comissão.
Redação ICL Economia
Com informações de O Estado de S.Paulo e Agência Senado